Quem é o responsável por cuidar da imagem de Lula em sua campanha
Com perfil mais discreto que os ‘magos’ Duda Mendonça e João Santana, Augusto Fonseca tem experiência em campanhas de adversários do PT no plano nacional

Depois das multimilionárias eras Duda Mendonça e João Santana à frente das campanhas presidenciais do PT – e dos notórios enroscos judiciais decorrentes delas –, o partido aboliu os supermarqueteiros na eleição de 2018 e manterá o mesmo perfil para a disputa de 2022, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentará voltar à Presidência da República.
O profissional contratado pelo PT para comandar a comunicação da campanha em rádio e TV é o jornalista Augusto Fonseca, escolhido em fevereiro com aval do próprio Lula, da presidente da legenda, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e do jornalista Franklin Martins, coordenador da comunicação da pré-campanha do petista. Fonseca é dono da MPB Estratégia e Criação, que superou a concorrência de outras empresas de marketing, como as agências Leiaute e Corbellini, e do publicitário Paulo de Tarso.
Conhecido pelo estilo “low profile” que contrasta com os “magos” das campanhas petistas das décadas passadas, Augusto Fonseca tem ampla experiência trabalhando em campanhas presidenciais, a maioria delas de candidatos de adversários de Lula e do PT: Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1994; Aécio Neves (PSDB), em 2014; e Ciro Gomes (PDT), em 2018. Esta não será, no entanto, sua primeira experiência a serviço dos petistas em disputas presidenciais: ele esteve na equipe de Duda Mendonça na bem-sucedida campanha de Lula em 2002.
Entre as campanhas petistas em que Augusto Fonseca trabalhou fora do plano nacional estão as de Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo, vitoriosa em 2000, e a do ex-ministro Aloizio Mercadante ao governo paulista em 2010. Mercadante, hoje um dos colaboradores da campanha de Lula, foi derrotado naquela ocasião por Geraldo Alckmin, que será vice do petista na disputa de 2022.
O início do seu trabalho à frente da campanha do ex-presidente tem sido turbulento. Segundo o jornal O Globo, caíram mal dentro do PT os primeiros vídeos protagonizados por Lula. As críticas, entre as quais a de que o discurso do petista tem destoado do “padrão Lula”, ao não dialogar com o eleitor mais simples, estariam colocando a perigo o contrato do marqueteiro.
Além de Mendonça, morto em agosto de 2021, Augusto Fonseca também já foi parceiro de João Santana, antes de ambos entrarem no ramo da propaganda política. Ao lado do jornalista Mino Pedrosa, Fonseca e Santana foram responsáveis pela publicação de uma reportagem na revista IstoÉ que trouxe revelações de Eriberto França, ex-motorista da secretária do então presidente Fernando Collor, sobre o esquema do ex-tesoureiro PC Farias, em 1992.
Guru de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff nas disputas presidenciais de 2006 a 2014, João Santana foi preso na Operação Lava Jato em 2016 e fechou uma delação premiada detalhando o esquema de caixa dois nas campanhas de Dilma. Sua mulher, Mônica Moura, também alvo da Lava Jato, tomou o mesmo caminho. De volta aos bastidores políticos, Santana está a serviço da campanha de Ciro Gomes desde abril de 2021.