Quem é o procurador que está no encalço de Moro no TCU
Tribunal de Contas da União continua interessado em investigar a fundo o milionário passado do ex-juiz na vida privada
Origem da principal dor de cabeça do presidenciável Sergio Moro (Podemos) desde que se lançou na corrida eleitoral, o processo do Tribunal de Contas da União que investiga os ganhos do ex-juiz da Lava Jato na consultoria que atende empreiteiras condenadas por ele na operação tem como um de seus principais artífices o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público que atua junto ao TCU.
Furtado tem atuação marcada pela proatividade e coleciona uma série de representações para que se aprofunde suspeitas de mal uso do dinheiro público e improbidade administrativa.
Já passaram pela mira do subprocurador a compra superfaturada de vacinas, pensão para filhas de militares, execução orçamentária do Ministério do Meio Ambiente, facilitação para a compra de armas e as infames emendas do relator, que abastece aliados do Planalto sem qualquer transparência.
No ano passado, no momento mais agudo da pandemia da Covid-19, defendeu o afastamento do presidente Jair Bolsonaro de suas funções por “danos ao erário” em razão da má condução da crise sanitária. Após VEJA revelar um esquema de rachadinha no gabinete do senador Davi Alcolumbre, Furtado também pediu que a corte lançasse uma lupa sobre as suspeitas.
Entretanto, até agora, nenhum processo gerou tanta reação a como que investiga o passado milionário de Moro. O ex-juiz, que foi considerado parcial pelo STF em processos da Lava Jato, agora reclama de “abuso de poder” de Furtado e promete exigir indenização por danos morais. A bancada do Podemos no Senado acionou a Procuradoria-Geral da República contra o subprocurador.
A ação gerou uma cizânia até mesmo dentro do MP de contas. Entidades representativas da categoria defendem que o processo seja conduzido pelo procurador Júlio Marcelo de Oliveira (o mesmo que denunciou as pedaladas fiscais de Dilma) por entender que Furtado já deu início à ação e não pode mais conduzir o processo. O procurador é considerado aliado de Moro e uma decisão do ministro Bruno Dantas, presidente do TCU, garantiu o processo nas mãos de Furtado.
O último lance do subprocurador foi pedir o bloqueio de bens de Moro no curso da ação que investiga o contrato com a Alvarez & Marsal. A suspeita é de sonegação de impostos relativos aos pagamentos que o ex-juiz recebeu. Segundo o Furtado, que dias antes havia pedido o arquivamento do processo, surgiram fatos novos para seguir adiante: os documentos apresentados por Moro são inconsistentes uma vez que dois contratos teriam sido apresentados apenas de forma parcial.