Quem é o influencer denunciado pela PGR por participação no golpe
Neto do último presidente da ditadura brasileira, Paulo Figueiredo foi acusado de divulgar informações falsas e pressionar militares a aderirem ao plano

As cinco denúncias que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou nesta terça-feira, 18, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados também miraram o influenciador digital Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, que se apresenta nas redes sociais apenas como Paulo Figureiredo. Economista de formação, ele tem 39 anos e é neto de João Figueiredo, último presidente do Brasil na era da ditadura militar.
Paulo Figueiredo tem um canal no YouTube que leva seu nome, com pouco mais de quatrocentos mil inscritos. Seus perfis em outras redes sociais (como o X e o Instagram) foram derrubados por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) pela primeira vez em janeiro de 2023. Ele criou outras contas, que também foram suspensas, na mesma leva de decisões que suspendeu os perfis de jornalistas como Rodrigo Constantino e Guilherme Fiuza.
O procurador-geral da República Paulo Gonet dividiu os indiciados no caso do golpe de estado em quatro blocos. Bolsonaro foi enquadrado como líder da conspiração e, por isso, chefiava, de acordo com a acusação, o núcleo principal, que foi alvo de uma primeira denúncia. O quarto e último grupo de acusados são os que teriam disseminado informações falsas sobre o processo eleitoral e orquestrado ataques contra os opositores políticos do ex-presidente — é esse grupo que Paulo Figueiredo está.
Contra esse quarto grupo, Gonet apresentou duas denúncias criminais, uma delas apartada apenas contra Figueiredo. Na acusação, ele afirma que o influenciador teria recebido, de forma coordenada e antecipada, a carta que os golpistas fizeram para pressionar o comando do Exército a aderir ao golpe. Na ocasião, o influenciador disseminou o teor do documento enumerando quem seriam os militares contrários “a uma ação mais direta, contundente das Forças Armadas” para manter Bolsonaro no poder.
“O influenciador buscou forjar um cenário de coesão dentro do Exército Brasileiro sobre a necessidade da intervenção armada, retratando os dissidentes como desertores, merecedores de repúdio pessoal e virtual. Aderiu, pois, ao projeto golpista da organização criminosa, do qual tinha ciência prévia, e instrumentalizou a sua condição de comunicador para provocar a cooptação do Alto Comando do Exército ao movimento golpista”, argumentou Gonet.
Figueiredo foi denunciado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado. Pelas agravantes que a PGR pediu, a condenação pode passar dos quarenta anos.