Maquiavel
Por José Benedito da Silva
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Quem é o homem da PF na mira de um parlamentar do governo
Guilherme Boulos envia pedido de exoneração de escrivão por articular ataques contra a soberania nacional
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que integra o núcleo duro da base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enviou ao diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, um pedido de inquérito disciplinar e exoneração de um escrivão da PF por “trabalhar contra a soberania do Brasil”. O ofício foi enviado pelo gabinete do parlamentar nesta segunda-feira, 28.
“É fato notório que o escrivão de polícia […] encontra-se nos Estados Unidos da América realizando articulações com o governo daquele país para a aplicação de sanções e atos hostis contra o Brasil e contra autoridades nacionais, com a finalidade explícita e confessa de interferir/obstruir o julgado dos acusados de tentativa de golpe de Estado“, diz a denúncia enviada por Boulos.
O alvo da denúncia é ninguém menos que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho Zero Três do ex-presidente Jair Bolsonaro. Advogado de formação, Eduardo é servidor público concursado e assumiu o cargo de escrivão da PF em 2010, afastando-se quatro anos depois ao ser eleito para a Câmara dos Deputados.
“Muita gente não sabe, mas Eduardo Bolsonaro é escrivão da Polícia Federal. Ou seja, temos um agente da PF trabalhando contra a soberania do Brasil”, publicou Boulos em seu perfil no X (ex-Twitter), juntamente com um trecho da denúncia. Atualmente, o parlamentar bolsonarista encontra-se licenciado do cargo no funcionalismo — segundo o rival psolista, sua atuação junto à Casa Branca para incitar sanções e tarifas contra o Brasil viola o Estatuto dos Servidores Públicos Federais (Lei nº 8.112/1990), sendo passível de exoneração das funções.
Em fevereiro deste ano, Eduardo Bolsonaro mudou-se para os Estados Unidos, onde realiza articulações com a extrema-direita americana em tentativa de pressionar a Justiça brasileira no julgamento contra o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado. Em âmbito internacional, o filho Zero Três do capitão vem promovendo uma narrativa de suposta perseguição judicial do STF contra o ex-mandatário e de abusos humanitários contra envolvidos nos atentados de 8 de janeiro de 2023.
A despeito dos questionamentos sobre sua real influência no círculo político americano, Eduardo Bolsonaro tem contato frequente com pessoas próximas ao presidente Donald Trump, como Steve Bannon, ex-assessor estratégico da Casa Branca. O parlamentar brasileiro é apontado como um dos incitadores do tarifaço de 50% anunciado pelos EUA contra o Brasil — ao divulgar a ameaça tarifária, Trump alega que existe uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro por parte do Judiciário, além de criticar ações do STF no sentido da regulação das plataformas digitais.
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