Quem é o assessor de Trump para sanções e o que ele veio fazer no Brasil
Diplomata e ex-militar, David Gamble Jr. visita Brasília para reuniões com autoridades do Executivo e do Legislativo sobre crime organizado internacional

Na segunda-feira, 5, uma comitiva do governo dos Estados Unidos chegou ao Brasil para uma agenda de reuniões com autoridades do governo federal e do Legislativo. A delegação é chefiada por David H. Gamble Jr., coordenador interino do Escritório para Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos EUA, órgão equivalente ao Ministério de Relações Exteriores brasileiro.
Em nota enviada à imprensa no último domingo, 4, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil informou que a pauta da visita é a articulação entre os governos brasileiro e americano para combate a “organizações criminosas transnacionais”, com atuação envolvendo “programas de sanções dos EUA voltados ao combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas”.
O comunicado da embaixada não cita o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ao contrário do que havia alegado o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nas redes sociais. Em vídeo publicado no X (ex-Twitter) na última sexta-feira, 2, o filho Zero Três de Jair Bolsonaro afirmou que Gamble viria ao Brasil para discutir sanções contra Moraes, alvo de um processo na Flórida movido pela rede social de direita Rumble e pela Trump Media Group, que pertence ao presidente Donald Trump e é parceira comercial da plataforma.
O Itamaraty e a representação diplomática americana também não informaram a lista de nomes com quem Gamble e seus assessores devem se reunir. O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante, diz que o diplomata se encontrará com parlamentares da oposição em agenda coordenada por Filipe Barros (PL-PR), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Na noite de segunda-feira, membros do grupo liderado por Gumble se encontraram com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que é presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado.
Militar, diplomata e ex-colega de Edward Snowden: quem é David Gamble Jr.
Oficial da reserva do Exército dos EUA, David H. “Chip” Gamble Jr. serviu às Forças Armadas americanas na Coreia do Sul e no Afeganistão. Desde 20 de janeiro de 2025, quando Donald Trump tomou posse para seu segundo mandato presidencial, ele atua como chefe do escritório de Coordenação de Sanções da diplomacia americana.
Sob os governos de George W. Bush, Barack Obama, Donald Trump e Joe Biden, ele trabalhou em embaixadas no Afeganistão, Cazaquistão, Filipinas, Polônia e Rússia — em solo americano, o diplomata atuou como diretor para a Rússia e Ásia Central no Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca.
Fora do serviço público, Gamble trabalhou como conselheiro de segurança para a MPRI, extinta empresa dos EUA de contratação de soldados mercenários, e para a Booz Allen, consultoria que atua nas áreas de serviços digitais e inteligência artificial. Esta última ganhou notoriedade em 2013, quando um de seus técnicos, Edward Snowden, protagonizou um vazamento massivo de documentos sigilosos do Estado americano, enviados ao jornalista Glenn Greenwald e outros repórteres, que revelaram abusos e violações de direitos humanos por parte das Forças Armadas americanas.