Qual é o país com o maior calote no BNDES por financiamento de obras
Durante posse do novo presidente do banco, o presidente Lula culpou o governo Bolsonaro por não cobrar as dívidas de países devedores
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a posse do novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, nesta segunda-feira, 6, para defender a política amplamente utilizada nos governos do PT de financiar exportações de serviços de empresas brasileiras, sobretudo empreiteiras, a outros países. Em sua fala, o petista citou países em dívida com o BNDES pelos aportes e culpou o governo de Jair Bolsonaro por não cobrar a fatura.
Segundo o próprio BNDES, até dezembro de 2022, o maior devedor neste tipo de financiamento é a Venezuela, com 681 milhões de dólares, seguida por Cuba, com 238 milhões de dólares, e Moçambique, com 122 milhões de dólares. Os três países ainda têm 569 milhões de dólares em dívidas a vencer com o banco de fomento. “Tenho certeza que vão pagar porque são todos países amigos do Brasil e certamente vão pagar a dívida que têm com o BNDES”, disse Lula, cujo governo pretende retomar a política de financiar projetos no exterior.
No financiamento de exportações, o BNDES desembolsa o dinheiro no Brasil, em reais, às empresas brasileiras que prestem serviços em outros países, a exemplo de obras de engenharia. Estes governos estrangeiros ficam com a dívida e devem pagá-la com juros, em dólares ou euros.
Entre 1998 e 2017, período que envolve os governos Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer, o BNDES fez 148 operações de financiamento de serviços de empresas brasileiras a quinze países, no valor total de 10,5 bilhões de dólares – 88% do valor foram financiados entre 2007 e 2015, nos governos petistas.
Segundo o banco, 89% do montante se destinaram a seis países: Angola (3,2 bilhões de dólares), Argentina (2 bilhões de dólares), Venezuela (1,5 bilhão de dólares), República Dominicana (1,2 bilhão de dólares), Equador (700 milhões de dólares) e Cuba (650 milhões de dólares). As empresas brasileiras que se beneficiaram dos financiamentos são empreiteiras atingidas em cheio pela Operação Lava Jato: Odebrecht (76%), Andrade Gutierrez (14%), Queiroz Galvão (4%), Camargo Correa (2%) e OAS (2%).