Prova de fogo: como será o depoimento de Tarcísio ao STF no caso do golpe
Depoimento de governador de São Paulo está marcado para as 8h desta sexta-feira, 30

A manhã desta sexta-feira, 30, será uma verdadeira “prova de fogo” para o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Está agendado para as oito da manhã o seu testemunho no caso da tentativa de golpe de estado — ele foi arrolado como testemunha do ex-presidente, Jair Bolsonaro.
O depoimento de Tarcísio colocará à prova a sua fidelidade ao ex-presidente. O governador subiu ao palanque ao lado de Bolsonaro nas últimas manifestações que ele fez e pediu anistia aos condenados pelos ataques do 8 de janeiro de 2023. Porém, o republicano tem adotado um tom moderado em relação aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e não seguiu o aliado no tom beligerante contra Moraes e outros magistrados.
Nos bastidores do bolsonarismo, os apoiadores mais “raiz” do ex-presidente desconfiam de Tarcísio como político. Algumas questões que pesam contra o republicano são a proximidade com o presidente do PSD, Gilberto Kassab; o pouco empenho para converter a base do seu partido, o Republicanos, a favor da pauta da anistia; e até mesmo a sua permanência na sigla, ao invés de migrar para o PL.
Interlocutores do ex-presidente disseram que ele já chegou a afirmar que gosta de Tarcísio como pessoa, mas, como político, ele “aperta a mão do inimigo”. O governador de São Paulo tem um bom trânsito com outros grupos políticos, o que também incomoda o bolsonarismo.
Os testemunhos estão sendo feitos por videoconferência e apenas os advogados das partes têm recebido do relator Alexandre de Moraes autorização para acompanhar em tempo real os atos. Depois que todos os depoimentos forem prestados os vídeos serão juntados ao processo, o que deve ocorrer na semana que vem.
Desistências
A defesa de Bolsonaro pediu a desistência da oitiva de quatro testemunhas — dentre elas, o advogado Amauri Feres Saad, que foi apontado pela Polícia Federal como suposto autor da minuta que o ex-presidente levou aos comandantes das Forças Armadas para tentar convencê-los a dar um golpe de estado. Saad teria redigido o documento com Filipe Martins, que foi denunciado e permaneceu meses preso.
Porém, nas denúncias, Saad foi poupado. O nome dele sequer foi mencionado nas petições que a Procuradoria-geral da República (PGR) apresentou ao Supremo. Além do advogado, a defesa de Bolsonaro pediu a desistência da oitiva dos ex-ministros Eduardo Pazuelo, Gilson Machado e do médico Ricardo Camarinha.