Professor da Unicamp que atacou estudantes é vítima, diz polícia
Docente usou uma faca e spray de pimenta contra alunos, foi detido pela segurança do campus e levado pela PM; segundo advogado, ele tentava-se defender

A Polícia Militar qualificou como vítima um professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que foi preso na última terça-feira, 3, após atacar dois estudantes com uma faca e um spray de pimenta dentro do campus. O caso veio à tona após a publicação de denúncias de integrantes do movimento estudantil da Unicamp nas redes sociais.
Segundo o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade, os alunos estavam passando pelas salas de aula para convocar os colegas para uma greve estudantil quando o professor tentou agredi-los. Nos vídeos divulgados, é possível ver o professor claramente avançando contra um dos alunos — outro registro mostra o docente sendo detido por seguranças e, em seguida, levado pela Polícia Militar com o rosto coberto.
O incidente é investigado pelo 7º Distrito Policial (DP) de Campinas. Questionada sobre a qualificação do professor como vítima, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que a avaliação foi feita pelo delegado responsável, sem maiores explicações, e que o caso foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), na comarca de Campinas. Segundo a SSP, qualquer prova pode ser anexada aos autos e a Justiça pode mudar o entendimento.
Em entrevista veiculada pela EPTV, afiliada da TV Globo, o advogado Adilson Junior disse que o professor Rafael Freitas Leão, do Instituto de Matemática, foi impedido de entrar em sala de aula. “Alguns jovens, ele não sabe precisar de qual curso, mas não é da matéria ao qual ele ministra, o empurraram. Inclusive, ele teve lesão no quadril. Quando caiu ao solo, se levantou e puxou o spray de pimenta. No sentido de não ser linchado, utilizou o spray de pimenta. Ato contínuo, também puxou uma faca”, disse o defensor à emissora de TV.
Em comunicado distribuído no dia do incidente, a reitoria da Unicamp informou que o professor será alvo de processos administrativos, repudiou o ataque e criticou “a proliferação de atos de violência com justificativa ou motivação política” dentro da comunidade acadêmica.