Presidente do partido de Moro teve dinheiro de empreiteiras em campanha
Em 2014, quando doações de empresas ainda eram permitidas, Renata Abreu contou com repasses ‘indiretos’ de OAS e Andrade Gutierrez, além da JBS

Presidente nacional do Podemos, partido que abriga a pré-candidatura do ex-juiz Sergio Moro à Presidência, a deputada federal Renata Abreu (SP) já contou com o dinheiro de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, alvos de Moro, em uma de suas campanhas eleitorais. Não há nenhuma denúncia a respeito disso ou suspeita de ilegalidade, mas não deixa de ser curiosa a coincidência. As informações constam da prestação de contas de Renata à Justiça Eleitoral nas eleições de 2014, quando doações de empresas ainda eram permitidas.
O caixa da campanha de Renata recebeu recursos da OAS e da Andrade Gutierrez, além da JBS, frigorífico cujos executivos quase derrubaram a República com suas delações e gravações em 2017, no governo Michel Temer, e de uma empresa que à época pertencia ao grupo Queiroz Galvão.
O dinheiro das empreiteiras entrou na conta da campanha da deputada de forma indireta. No caso da OAS, um cheque de 195.000 reais foi repassado a Renata Abreu pela direção nacional do seu partido, o então PTN, rebatizado como Podemos em 2017. Àquela altura, a sigla era presidida pelo ex-deputado José Masci de Abreu, pai de Renata – ela só assumiu o controle do partido em 2015.
Do mesmo modo, aportaram em sua campanha 100.000 reais Queiroz Galvão Alimentos e 19.000 reais cujo doador originário era a JBS, dos irmãos Joesley e Wesley, ambos delatores. Já os 10.000 reais da Andrade Gutierrez vieram do comitê de campanha do senador José Serra (PSDB), cuja chapa naquela eleição incluía o PTN.
Em 2014, quando se elegeu deputada pela primeira vez, Renata Abreu ainda contou com uma doação de 55.000 reais de seu pai e uma de 34.000 reais de sua mãe, Maria Cristina Hellmeister de Abreu. A candidata aportou na própria campanha 102.000 reais. No total, Renata arrecadou 1,6 milhão de reais e gastou 1,9 milhão de reais.