Presidenciável mais derrotado, Zema apostou três vezes no ‘cavalo errado’
Governador de Minas Gerais apoiou candidatos derrotados no primeiro e no segundo turno da eleição em Belo Horizonte
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), era considerado um dos comandantes de governos estaduais com potencial para ser uma alternativa à direita para o Palácio do Planalto na corrida eleitoral de 2026, ao lado de colegas como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ratinho Júnior (Paraná) e Ronaldo Caiado (Goiás). De todos, foi o único que saiu derrotado pelas urnas nas eleições municipais deste ano.
Em Belo Horizonte, capital do estado que comanda, Zema fez mais de uma aposta errada. Primeiro, bancou a candidatura à prefeita de sua secretária de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto (Novo), que chegou a lançar a sua pré-candidatura na capital mineira com o aval do governador. Com baixíssima intenção de voto nas pesquisas, a sua candidatura subiu no telhado.
Zema, então, negociou uma aliança com o apresentador de TV e deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), de quem Luísa Barreto passou a ser a candidata à vice-prefeita. O plano parecia que ia dar certo: Tramonte, que tinha também o apoio do ex-prefeito Alexandre Kalil, disparou na liderança, mas viu o seu favoritismo ser abatido pela síndrome do “cavalo paraguaio”: sua candidatura foi definhando e terminou no primeiro turno com 15,2% dos votos, em terceiro lugar, atrás do prefeito Fuad Noman (PSD) e do deputado estadual Bruno Engler (PL).
No segundo turno, Zema fez, então, a sua terceira aposta errada: decidiu apoiar a candidatura de Engler, com quem compartilha boa parte do receituário ideológico de direita, em especial no discurso liberal e na pauta de costumes. De novo, deu errado: Engler foi derrotado por Fuad Noman no segundo turno, o que favorece os planos do PSD, rival de Zema, para tomar o governo do estado em 2026.
Com o capital político diminuído, Zema tem quase nenhuma chance real de emplacar a sua candidatura à Presidência da República em 2026, até porque o seu partido, o Novo, tem pouca musculatura para bancar sozinho uma candidatura competitiva. Como está no segundo mandato consecutivo, não pode mais disputar o governo do estado. Ele se contentaria hoje com uma vaga de vice em alguma chapa presidencial ou, hipótese mais segura, uma vaga ao Senado.
Vencedores
Por outro lado, três governadores presidenciáveis saíram mais fortes das urnas. Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi o principal cabo eleitoral de Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo e foi chamado pelo prefeito reeleito de “líder maior” imediatamente após a vitória. É o hoje o primeiro na fila de prováveis candidatos presidenciais à direita no caso de Jair Bolsonaro permanecer mesmo inelegível.
Ratinho Júnior (PSD) enfrentou o próprio bolsonarismo na capital do Paraná, Curitiba, para levar o seu ex-secretário Eduardo Pimentel (PSD) à vitória contra a jornalista Cristina Graeml (PMB), uma surpresa na disputa e que acabou atraindo eleitores mais à direita. Também no segundo mandato consecutivo, Ratinho Júnior pode ser senador – o que não é prioridade para ele – ou tentar o sonho presidencial, já que o seu PSD foi o partido mais vitorioso em 2024.
Ronaldo Caiado (União Brasil) também enfrentou Bolsonaro nas eleições nas duas maiores cidades de Goiás – Goiânia e Aparecida de Goiânia – e levou ambas, mesmo com o ex-presidente indo até o estado no dia da eleição para fazer campanha para seus aliados e atacar o governador, até então um aliado. Caiado, também no segundo mandato, já disse que não se interessa em ser senador e que vai tentar a Presidência da República – ele já foi candidato ao Planalto em 1989.