Prefeito polêmico que recebeu Tarcísio é cassado e se diz alvo de armação
Ney Santos (Republicanos), de Embu das Artes, é acusado de abuso de autoridade
Agora ex-prefeito de Embu das Artes, na Região Metropolitana de São Paulo, Claudinei Alves dos Santos, conhecido como Ney Santos (Republicanos), gravou um vídeo para dizer que é vítima de armação. O político, afastado pela Justiça Eleitoral no último dia 12, por indícios de abuso de autoridade na eleição de 2020, afirmou confiar em seu retorno ao cargo.
“Estão tentando, a todo custo, tirar o nosso mandato. Desde quando tivemos ciência da decisão judicial, nós a cumprimos, mesmo não concordando. Vamos recorrer e temos certeza de que Deus vai nos devolver o mandato que a população nos confiou”, disse Ney. Na tarde desta terça-feira, 16, a Câmara Municipal deverá escolher o próximo prefeito da cidade, em eleição indireta.
O revés atual não é o único processo judicial que Ney precisa responder e se defender. Recentemente, a Justiça negou ao ex-prefeito a devolução de seu passaporte, apreendido há três anos. O político é acusado pelo Ministério Público de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e organização criminosa. A Ney é atribuído pelos investigadores uma longa ligação com a facção criminosa PCC, com a gestão de postos de combustíveis utilizados para legitimar recursos ilícitos.
Há duas semanas, Ney recebeu a visita do candidato do seu partido ao governo do estado, Tarcísio de Freitas, fato que gerou mal estar interno na campanha do ex-ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro.
Ficha corrida.
Ney Santos foi preso pela primeira vez em 1999, quando tinha 19 anos de idade, por receptação e formação de quadrilha. Em 2003, voltou a ser preso sob suspeita de ter participado de um assalto a um carro-forte, que contou com o uso de metralhadora. Ficou dois anos na prisão e foi solto após julgamento em segunda instância.
Depois que saiu da prisão, virou empresário do ramo de combustíveis. Foi eleito prefeito pela primeira vez em 2016, acabando com uma hegemonia do PT de dezesseis anos na cidade. Ele foi condenado depois pela Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico na campanha, obtenção de recursos financeiros ilícitos, empregos de laranja para realização de doações eleitorais, gastos eleitorais acima do permitido e caixa dois. Ele perdeu os direitos políticos e foi cassado, mas manteve-se no cargo em razão de recurso judicial.
Como prefeito, voltou a ser detido, em junho de 2021, durante uma operação policial na fazenda do seu irmão, em Encruzilhada, no sudoeste da Bahia, onde foram apreendidas armas e 670 mil reais em dinheiro. Ele prestou depoimento e foi liberado. A operação foi feita após denúncia anônima de que o local era usado para movimentação ilegal de mercadorias. Em nota, o prefeito disse que as duas armas apreendidas eram legais e pertenciam a um funcionário da fazenda e os valores apreendidos eram frutos da atividade da propriedade rural.