Por que Zema ofereceu até a sede do governo para pagar dívida com União
Executivo apresentou lista com mais de 300 imóveis para garantir adesão do estado ao Propag, programa de renegociação de dívidas do governo federal

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), enviou à Assembleia Legislativa (ALMG), na última terça-feira, 27, uma lista com 343 imóveis do estado passíveis de serem transferidos para a União para pagamento de dívida. A manifestação de interesse abarca a própria sede do governo, a Cidade Administrativa, além de escolas e hospitais.
A proposta visa ajudar o estado a quitar dívidas que somam quase 170 bilhões de reais com a União, e é parte do conjunto de medidas voltado à adesão de Minas ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados, o Propag, do governo federal. Nesta quinta-feira, 29, a ALMG aprovou, em definitivo, o ingresso do estado no programa. A transferência das propriedades, por sua vez, deverá ser votada separadamente pelos deputados, ainda em data a ser definida.
Uma das exigências para que Minas aderisse ao Propag foi que o estado garantisse o abatimento de ao menos 40 bilhões de reais do total da dívida por meio da alienação de imóveis, além de, por exemplo, a federalização de estatais mineiras.
Inicialmente, a lista tinha 170 imóveis a serem transferidos para a União. Na própria terça, 27, no entanto, o número saltou para 343, incluindo, além da sede do governo, prédios da Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), o Hospital Risoleta Tolentino Neves, e o Edifício Mirafior, do Tribunal de Justiça do estado, todos em Belo Horizonte.
A oferta de cessão dos imóveis foi criticada até mesmo pelo deputado federal e ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), que se manifestou dizendo que o estado não está “à venda”. “O governador Zema colocou Minas Gerais à venda (…). Sem competência para fazer ajuste nas contas públicas estaduais, o governo Zema dilapida o patrimônio dos mineiros. E em todos os setores”, publicou o tucano na quarta-feira, 28.
Aécio apontou que a relação apresentada inclui patrimônios de enorme valor “simbólico, funcional e institucional”. A própria Cidade Administrativa, projetada por Oscar Niemeyer, foi construída durante sua gestão como governador e o hospital Risoleta Tolentino Neves, por sua vez, foi batizado em homenagem à sua avó materna.
“Trata-se de uma decisão grave, que escancara a incompetência da gestão estadual, que se especializou em transferir responsabilidades sem assumir as suas. O que falta, a meu ver, é coragem e um pouco mais de compreensão da importância de Minas Gerais para se negociar com o governo federal. As propostas que estão sendo colocadas atendem ao governo federal. Não atendem a Minas Gerais”, disse Aécio.
Minas Gerais não está a venda. pic.twitter.com/Pgl4XkzgWn
— Aécio Neves (@AecioNeves) May 28, 2025