Por que a ideia de Boulos virar ministro de Lula ‘subiu no telhado’
Deputado será pressionado dentro do PSOL a ser candidato em 2026, o que tornaria curta sua permanência na Esplanada dos Ministérios

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) está no radar do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para se tornar ministro da Secretaria-Geral da Presidência desde maio último. No entanto, há um sinal de alerta ligado dentro da legenda do parlamentar de olho nas eleições do ano que vem. Isso porque, Boulos disse a aliados que poderia abandonar a ideia de reeleição à Câmara dos Deputados para continuar no primeiro escalão do petista até o final de 2026.
Hoje, o medo é perder espaço para a direita, o que é dado como certo por integrantes da esquerda paulista. “Infelizmente, o cenário é esse que temos hoje”, disse uma fonte. Em caso de Boulos virar ministro, haverá pressão interna no partido para que ele, no mínimo, seja candidato novamente para puxar votos.
Em 2022, o PSOL teve quase dois milhões de votos em São Paulo. Apenas Boulos foi responsável por receber um milhão de apoios nas urnas. Entre os eleitos da legenda naquele ano, nenhum candidato conseguiu chegar perto do número expressivo de votos de Boulos. Na segunda posição, entre os mais votados do partido de esquerda, está a deputada Erika Hilton, que recebeu pouco mais de 256.000 votos.
O receio sem Boulos no páreo é a federação PSOL-Rede não atingir a cláusula de barreira. Hoje, de acordo com o TSE, os partidos precisam eleger pelo menos onze deputados federais, distribuídos em, no mínimo, nove unidades da Federação; ou a obtenção de, no mínimo, 2% dos votos válidos nas eleições para a Câmara dos Deputados, distribuídos em pelo menos nove unidades da Federação, com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada um deles.
Para ser candidato a deputado mais uma vez, Boulos não pode permanecer no governo Lula no ano que vem. Como determina a legislação eleitoral, ele deve deixar o cargo de ministro em abril, seis meses antes do pleito. Se isso ocorrer, o deputado federal ficaria menos de um ano no cargo de ministro.