‘Política é o caminho para melhorar a vida do povo’, diz Gleisi Hoffmann
Presidente do PT irá assumir a Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação do Planalto com o Congresso

A presidente do Partido dos Trabalhadores e deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT-PR), foi anunciada nesta sexta-feira, 28, como a nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais do Palácio do Planalto, pasta que é responsável pela articulação do governo com o Congresso. Ela foi às redes sociais agradecer o antecessor Alexandre Padilha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e os “dirigentes e militantes” do PT.
“O exercício da política é o caminho para avançarmos no desenvolvimento do país e melhorar a vida do nosso povo”, escreveu Gleisi no X. “É com este sentido que seguirei dialogando democraticamente com os partidos, governantes e lideranças políticas”, acrescentou.
Com imensa responsabilidade recebo do presidente @LulaOficial a conduçäo da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.
Sempre entendi que o exercício da política é o caminho para avançarmos no desenvolvimento do país e melhorar a vida do nosso povo.
É…— Gleisi Hoffmann (@gleisi) February 28, 2025
O anúncio é surpreendente, uma vez que boa parte do entorno do presidente apontava que o ministério mais provável para Gleisi Hoffmann seria a Secretaria-Geral da Presidência, ocupada por Márcio Macêdo, e que faz a comunicação do Planalto com a militância os movimentos sociais, público com o qual Hoffmann manteve diálogo constante nos mais de sete anos que ocupou o cargo de presidente nacional do PT. O antecessor de Gleisi na articulação política, Alexandre Padilha, irá para o Ministério da Saúde, enquanto Nísia Trindade sairá do governo. Essas mudanças serão efetivadas em 10 de março, mas há ainda grande possibilidade que Lula mexa no comando de outros ministérios.
Com a entrada de Gleisi e a saída de Nísia, Lula mantém o número de dez mulheres ministras. Além de Gleisi, há Simone Tebet (Orçamento e Planejamento), Esther Dweck (Gestão e Inovação), Marina Silva (Meio Ambiente), Cida Gonçalves (Mulheres), Anielle Franco (Igualdade Racial), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Margareth Menezes (Cultura), Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania) e Sônia Guajajara (Povos Originários).
‘Cozinha’ petista
Com gabinetes no Planalto, três ministérios são considerados a “cozinha do Palácio” — a secretaria de Relações Institucionais, agora sob o comando de Gleisi Hoffmann, a Secretaria de Comunicação Social (Secom), que passou dois anos sob comando do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), antes do marqueteiro da campanha vitoriosa de Lula em 2022, Sidônio Palmeira, assumir o posto, e a Secretaria-Geral da Presidência, onde o futuro de Márcio Macêdo, fritado pelo fogo amigo petista, ainda é incerto. Se a entrada de Palmeira na Secom significou uma guinada eleitoral à comunicação do governo, a chegada de Gleisi, presidente mais longeva da história do PT, representa o partido ainda mais forte no governo — em fevereiro, VEJA publicou uma reportagem sobre o iminente embarque de Gleisi na equipe ministerial.
Se por um lado Gleisi é vista por petistas como alguém que tem a confiança de Lula e estofo para dar conselhos (ás vezes mais duros) ao presidente, de outro joga contra ela o fato de ter dificuldade de dialogar fora da bolha petista. É consenso entre os integrantes do partido que Gleisi cumpriu bem uma função de comandar a legenda no pior momento da sua história, porém o perfil incendiário para combater os ataques pode ser questionado na articulação política.
‘Dilma da Dilma’
Gleisi já foi ministra em outro governo petista, sob o comando da ex-presidente Dilma Rousseff. Então senadora, ela foi nomeada como chefe da Casa Civil em junho de 2011 e ficou na pasta até 2014. Responsável pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) conseguiu empregar uma agenda positiva ao governo que vivia uma crise de popularidade e ajudou Dilma Rousseff a se reeleger. À época, Gleisi assumiu o cargo de Antonio Palocci, fustigado por denúncias de enriquecimento ilícito. Assim como Dilma esteve à frente de grandes negociações no segundo mandato de Lula, Gleisi ocupou essa função no governo Dilma e, por isso, era chamada de “Dilma da Dilma”.