Polícia busca homem que agrediu Marcelo Rubens Paiva durante bloco em SP
Escritor de 'Ainda Estou Aqui' foi atingido por lata de cerveja e mochila durante desfile do Acadêmicos do Baixo Augusta

A Polícia Civil de São Paulo afirmou nesta segunda-feira, 24, que está analisando imagens para identificar o homem que agrediu o escritor Marcelo Rubens Paiva, de 65 anos, durante o desfile de um bloco de Carnaval na capital paulista.
No último domingo, 23, Paiva desfilava como porta-bandeira pelo bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, na região da Bela Vista, quando foi atingido na cabeça por uma mochila (assista ao vídeo abaixo). Em seguida, o agressor arremessou uma lata de cerveja. Houve tumulto entre a multidão e o homem foi afastado do local pelos foliões — o escritor, que é cadeirante, não ficou ferido.
Pelas redes sociais, circulam imagens do suposto autor do ataque, cujo nome ainda não foi descoberto pelas autoridades. Usuários, principalmente de esquerda, têm difundido as fotos com o objetivo de tentar identificar o agressor — não é possível, no entanto, dizer que o homem cuja imagem está viralizando é o autor do ataque. Também não dá para afirmar que ele seria “bolsonarista” ou militante de direita, como enuncia a maioria dos posts. A polícia informou que, até a publicação desta reportagem, não havia registro de boletim de ocorrência.
Quase 24H e ainda não divulgaram o nome do agressor de extrema-direita que atirou uma lata de cerveja no cadeirante Marcelo Rubens Paiva, quando participava de um desfile do bloco BAIXO AUGUSTA.
Este passará? Não né? pic.twitter.com/ViK1rqbMBV
— Rafael Gloves (@rafaelgloves) February 24, 2025
Em nota, o bloco Acadêmicos do Baixo Augusta afirma que “a equipe do bloco afastou o agressor e espera que as autoridades de segurança pública tenham tomado alguma providência em relação a ele e que desenvolvam protocolos para que episódios como esse não se repitam no maior evento de rua da cidade”. O comunicado diz que Paiva “foi amparado no mesmo instante e seguiu o cortejo com muita energia”.
‘Ainda Estou Aqui’: sucesso do filme gera debate político acirrado sobre ditadura
Autor do romance autobiográfico Ainda Estou Aqui, Marcelo Rubens Paiva usava uma máscara da atriz Fernanda Torres, protagonista do longa-metragem de Walter Salles baseado no livro, no momento da agressão. O escritor participava de uma homenagem do bloco ao filme sobre a ditadura militar brasileira, cujo sucesso internacional é aclamado por grupos de esquerda e gera forte reação negativa em alas da direita conservadora.
A obra relata o sequestro, tortura e morte do ex-deputado comunista Rubens Paiva, pai de Marcelo, sob o ponto de vista de sua esposa, Eunice Paiva, mãe do autor. A repercussão mundial do filme reacendeu debates sobre os assassinatos e desaparecimentos praticados pelo regime militar entre 1964 e 1985. Em janeiro deste ano, as certidões de óbito de Rubens Paiva e outras 201 vítimas da ditadura foram alteradas para citar “morte violenta causada pelo Estado”, por determinação do Conselho Nacional de Justiça.