PL pede investigação de governador que sugeriu ‘vala’ para bolsonaristas
Declaração de Jerônimo Rodrigues (Bahia) ocorreu em Dourado, interior do estado; petista pediu desculpas

Vice-líder da oposição na Câmara, o deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS) encaminhou pedido para a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigar o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), por incitação ao crime depois do petista afirmar que eleitores de Jair Bolsonaro deveriam ir para a vala.
“As declarações do governador da Bahia extrapolam o campo da crítica política e adentram uma retórica violenta, discriminatória e ameaçadora, direcionada a milhões de cidadãos brasileiros que, legitimamente, votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro. Sugerir que esses eleitores sejam levados ‘para a vala’ com uma retroescavadeira não pode ser encarado como mera metáfora, sobretudo vindo de uma autoridade pública no exercício de suas funções”, disse Sanderson.
O documento enviado à PGR tem quatro páginas. A declaração de Rodrigues foi feita em um evento público na cidade de Dourado, interior baiano. “Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia, sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele e quem votou nele podia pagar também a conta! Fazia no pacote. Bota uma ‘enchedeira’. Sabe o que é uma ‘enchedeira’? Uma retroescavadeira, bota e leva tudo para a vala”, afirmou o petista. Depois da ampla repercussão negativa, ele se desculpou e disse que não teve a intenção de desejar a morte de ninguém.
Sanderson cita no documento que há jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecendo que manifestações que incentivem violência ou intolerância contra grupos sociais ou políticos são incompatíveis com a Constituição. “No julgamento da ADPF 130, o STF afirmou: “A liberdade de expressão não abrange o discurso de ódio nem o incentivo à violência.”
“Assim, ao afirmar que os eleitores de um ex-presidente devem ser tratados como lixo a ser removido por retroescavadeira e enterrado em vala comum, o governador não apenas desrespeita os princípios democráticos da pluralidade política, como também estimula a desumanização e marginalização de opositores ideológicos – típica retórica de regimes totalitários”, diz no pedido encaminhado ao procurador-geral da República, Paulo Gonet.