Piores estados em isolamento social deram votação expressiva a Bolsonaro
Em locais onde o presidente – crítico da medida -- teve mais de 65% dos votos, cerca de 30% da população fica em casa na pandemia; mínimo recomendado é 70%
Os cinco estados com as piores taxas de isolamento, segundo dados da última quarta-feira, 10, fornecidos pela plataforma de monitoramento diário InLoco, deram votação expressiva a Jair Bolsonaro na eleição de 2018. O presidente é um dos maioes críticos das medidas restritivas para conter a transmissão da Covid-19, como o fechamento do comércio.
Ataques ao lockdown e à “política do fecha tudo” são temas recorrentes em seus pronunciamentos e em conversas com apoiadores, como nesta quinta-feira, 11, quando ele criticou os governadores João Doria (PSDB) por ter aumentado as restrições em São Paulo e Ibaneis Rocha (MDB) por, segundo ele, ter adotado “um estado de sítio” no Distrito Federal. “O lockdown tem apenas uma consequência: transformar pobres em mais pobres”, afirmou. “Daqui a pouco a gente vai ter meia hora para sair na rua. E nós ficamos quieto”, completou.
De acordo com o monitoramento diário da InLoco, os mais baixos percentuais de isolamento foram verificados em Santa Catarina (29,4%), Mato Grosso do Sul (29,7%), Paraná (30,6%), Mato Grosso e Espírito Santos (ambos com 30,9%) — nesses estados, a votação em Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial de 2018 variou de 63% a 76%, percentuais bem acima da média nacional, que foi de 55,13%.
Em Santa Catarina, o segundo estado que mais deu votos percentualmente a Bolsonaro em 2018 (76%), a doença avançou rapidamente no último mês: a média móvel de mortes aumentou 263% (de 25,9 para 94,1) e a de casos, 35% (de 2.471 para 3.336).
A adesão à política de isolamento social, no entanto, é baixa em todo o país — a média nacional na quarta-feira, 10, era de 32,9%, menos da metade da taxa de 70% indicada por infectologistas como o mínimo para frear a transmissão do vírus. O estado com a melhor taxa é o Amazonas (39,6%), onde Bolsonaro e Haddad chegaram praticamente empatados na eleição (50,3% a 49,7% para o atual presidente).