PF mira CACs que desviavam armas para o ‘novo cangaço’ e o PCC
Operações desarticularam esquema de compra e venda de armas para o crime organizado

A Polícia Federal e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) realizaram uma operação na manhã desta terça-feira, 21, contra caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) suspeitos de desviar armas e munições para roubos no estilo “novo cangaço”.
Nessa modalidade de crime, membros de organizações criminosas fortemente armados cercam cidades para assaltar agências bancárias. Foram cumpridos treze mandados de prisão temporária e 24 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Osasco, Santo André, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Piracicaba, Mairinque, Buri, além de Xique-Xique e Timon, na Bahia, e Corrente, no Piauí. A operação também resultou no bloqueio de contas e sequestro de bens com limite de até 4 milhões de reais.
A investigação começou após uma tentativa de roubo em abril de 2023, na cidade de Confresa, no Mato Grosso. Na ocasião, cinco suspeitos foram presos e 18 foram mortos em confronto com as forças de segurança. Segundo a PF, essa e outras ações semelhantes foram financiadas por integrantes do PCC que atuam no tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Além disso, os investigadores concluíram que os principais fornecedores de armas e munições utilizadas nesse tipo de roubo eram CACs.
Essas categorias foram as principais beneficiadas pela flexibilização da política de armas promovida pelo governo de Jair Bolsonaro. Como VEJA mostrou, o desvio de armas obtidas legalmente é cada vez maior. Só no primeiro trimestre deste ano 655 armas em poder de CACs foram registradas como furtadas, roubadas ou perdidas, segundo dados do Exército — a maior média desde 2018.
Operação “Fogo Amigo” no Nordeste
Nesta manhã, a PF, o Gaeco e o Exército também realizam uma operação para desarticular uma organização criminosa formada por policiais militares, CACs e lojistas. O grupo vendia armas e munições para facções criminosas na Bahia, Pernambuco e Alagoas.
Foram cumpridos 20 mandados de prisão preventiva e 33 mandados de busca e apreensão. Também foi determinado o sequestro de bens e bloqueio de valores de até 10 milhões de reais dos investigados, além da suspensão da atividade econômica de três lojas que comercializavam armamento de forma irregular.