PF abre inquérito para investigar intoxicação por metanol em bebidas
Segundo Lewandowski, há indícios de que a rede de distribuição de produtos adulterados também atua fora de São Paulo

A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar a distribuição de bebidas alcoólicas contaminadas com metanol, em meio à escalada de casos de intoxicação que já causaram três mortes em São Paulo. A informação foi confirmada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 30.
“Ao que tudo indica, a rede transcende os limites de um único estado e há uma distribuição para além de São Paulo, e isso atrai a competência da Polícia Federal”, afirmou Lewandowski. O ministro reforçou que os casos de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol começaram a subir em setembro e, até o momento, estão concentrados no estado de São Paulo.
De acordo com o ministro, as ocorrências recentes chamam à atenção por terem atingido clientes de bares e restaurantes na capital paulista — em geral, segundo Lewandowski, os casos de intoxicação afetam pessoas em população de rua que compram metanol diretamente em postos de combustíveis.
Também na coletiva desta terça, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que os 17 casos de intoxicação por metanol registrados desde agosto são equivalentes à média de 20 casos que ocorrem anualmente no Brasil. Apenas em setembro, foram dez registros em São Paulo, causando três mortes — além das vítimas fatais, uma mulher perdeu a visão após ter consumido três doses de caipirinha contaminadas pela substância tóxica.
Segundo Padilha, o ministério determinou que todos os novos casos de intoxicação por metanol sejam notificados imediatamente às autoridades federais, e que órgãos ligados à rede nacional de saúde foram orientados sobre a administração de remédios. “O antídoto é um tipo de etanol, numa concentração específica, com utilização a ser coordenada pelos centros de referência em intoxicação”, disse o ministro.
Governo investiga se bebidas contaminadas têm ligação com crime organizado
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, informou que o inquérito foi aberto na segunda-feira, 29, e investiga se a contaminação de bebidas por metanol tem ligação com facções do crime organizado.
“Há uma possível conexão com investigações no Paraná, que se conectaram com outras duas em São Paulo, em razão de toda a cadeia de combustível, que passa pela importação de metanol pelo Porto de Paranaguá”, afirma Rodrigues.
O titular da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), Paulo Henrique Pereira, afirmou que o ministério trabalha para identificar toda a logística envolvida nos casos de intoxicação. “Vamos tentar descobrir quem são os fornecedores das bebidas, quem são as pessoas que manipularam as bebidas e quais bebidas as vítimas ingeriram em cada estabelecimento”, disse.