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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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‘Pelo nosso filho, não volta lá’: o relato da esposa de assassino de petista

Francielle da Silva disse à Polícia Civil que Jorge Guaranho voltou ao local armado 'para tirar satisfação' depois de ter sido xingado pela vítima

Por Da Redação
Atualizado em 15 jul 2022, 14h20 - Publicado em 15 jul 2022, 14h00

Em depoimento à Polícia Civil do Paraná, a esposa de Jorge Guaranho, o bolsonarista que matou a tiros o petista Marcelo Arruda durante sua festa de aniversário em Foz do Iguaçu (PR) no último sábado, 9, disse que seu marido retornou ao local onde cometeu o crime “para tirar satisfação” depois que, em uma primeira passagem por ali, ele foi xingado e ameaçado pela vítima. Ela negou que Guaranho tenha atirado porque Arruda era petista. O depoimento de Francielle Sales da Silva, obtido por VEJA, foi fundamental para a conclusão da Polícia Civil de que a motivação do crime não foi política. Nesta sexta, 15, a delegada Camila Cecconello afirmou que o inquérito mostrou que de fato houve uma primeira discussão entre Guaranho e Arruda por causa de divergências políticas, mas que não foi possível concluir que esse tenha sido o motivo do assassinato.

Segundo Francielle, que foi ouvida como testemunha, Guaranho, ela e o filho do casal, de dois meses de idade, saíram de um churrasco em um clube próximo da associação onde estava sendo comemorado o aniversário de Arruda e passaram ali porque o marido costumava fazer rondas na área, por seu sócio do local. Ela relatou que eles escutavam no carro em “volume normal” uma música que aludia ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e que chamou a atenção das pessoas que estavam na festa do petista. Ainda segundo a esposa, Arruda perguntou de dentro da festa quem Guaranho era e por que ouvia aquela música. Foi então que o marido, segundo ela, gritou “Bolsonaro mito”.

Na versão de Francielle, as pessoas da festa ameaçaram Guaranho e sua família, enquanto Arruda jogou pedras e terra no carro, atingindo ela e o bebê, que não se machucaram. Ela disse que pessoas que estavam na festa começaram a se identificar como policiais e, então, Guaranho também se identificou como policial e mostrou a arma. Depois disso, eles voltaram de carro para a casa, onde a esposa teria tentado convencer o marido a não retornar à festa.

“Eu falei para ele assim: ‘Pelo nosso filho, não volta lá’. E ele falou ‘Você não viu o tanto que eles ameaçaram, que eles falaram do nosso filho? Eu vou pelo menos para tirar satisfação’”, disse Francielle à polícia. De acordo com ela, o marido “ficou muito transtornado” com a discussão ocorrida minutos antes e quis voltar ao local “por conta da agressão que nós sofremos”.

A Polícia Civil paranaense apresentou a conclusão do inquérito nesta sexta-feira, 15, no qual indiciou Guaranho por homicídio qualificado por motivo torpe. Ele está internado na UTI porque também foi baleado por Arruda depois de dar os primeiros tiros.

“O que nós temos é o depoimento da esposa, que diz que ele alegou que ia voltar porque se sentiu humilhado porque a pessoa (Arruda) teria jogado pedras e terra dentro do carro e acertado a esposa e o filho dele”, disse a delegada Camila Cecconello. “É difícil nós falarmos que há um crime de ódio, que ele matou pelo fato de a vítima ser petista. Segundo os depoimentos, que é o que a gente tem nos autos, ele voltou porque se sentiu ofendido com essa escalada da discussão, com esse acirramento da discussão entre os dois”, afirmou. A conclusão do inquérito agradou a apoiadores de Bolsonaro e foi vista com desconfiança pela oposição.

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