Pediatras acionam PGR e Câmara contra Bia Kicis por vazamento de dados
Sociedade Brasileira de Pediatria acusa deputada bolsonarista de ter divulgado dados pessoais de três médicos favoráveis à vacinação de crianças
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) informou nesta segunda-feira, 17, que vai representar contra a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) na Câmara e na Procuradoria-Geral da República por ter divulgado, em redes sociais, dados pessoais de três médicos que falaram a favor da vacinação de crianças na audiência pública promovida pelo Ministério da Saúde no início do ano. Para a entidade, “o gesto praticado pela deputada Bia Kicis não pode ficar impune”.
Bia Kicis é uma das principais aliadas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e divulgadora de conteúdo negacionista, que coloca em xeque as vacinas e medidas de prevenção contra a covid-19. Os médicos que tiveram dados pessoais vazados pela parlamentar, conforme ela mesma teria admitido, são Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da SBP, e Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da SBP e diretor da SBIM.
“Pela imprensa, a deputada Bia Kicis (presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados) assumiu a responsabilidade pela publicização de informações, o que deixou os médicos acima citados em situação de vulnerabilidade, sendo alvos de ameaças e intimidações pelo seu posicionamento em relação ao tema da vacinação de crianças contra a covid-19”, diz a nota de repúdio assinada pela SBP.
O texto informa que a entidade pede ao Ministério Público Federal que seja apurada a fonte do vazamento, “com a responsabilização dos envolvidos por descumprimento da legislação em vigor, dando resposta à sociedade, principalmente aos pediatras do país”, e ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados para que seja instaurado um inquérito. “Se for confirmada a violação do decoro parlamentar, ela deve ser processada e julgada conforme o Código de Ética da Câmara dos Deputados”, conclui.