Patricia Abravanel usa Pinóquio para falar de executivo da JBS
Personagem célebre por mentir ilustrou post da apresentadora, que processa Ricardo Saud por acusação de propina ao marido, o deputado Fábio Faria (PSD-RN)

A apresentadora Patricia Abravanel, filha do empresário Silvio Santos e casada com o deputado federal Fábio Faria (PSD-RN), usou a sua conta na rede social Instagram para se posicionar publicamente pela primeira vez sobre o seu envolvimento no escândalo da JBS e reafirmou que irá processar Ricardo Saud, executivo do grupo empresarial, por danos morais. Na publicação, ela usa uma foto do boneco Pinóquio, que ficou célebre por ver o seu nariz crescer toda vez que mentia.
Em sua delação no acordo de colaboração premiada fechado com o Ministério Público Federal, Saud contou que ele e o empresário Joesley Batista, dono da JBS, acertaram em um jantar o pagamento de propina a Fábio Faria e ao pai do deputado, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD).
“Sim, eu estou processando Ricardo Saud da JBS por danos morais. Ele mentiu e ligou o meu nome e o da minha família a algo terrível como negociação de propina! Um absurdo! Quero aqui deixar claro que qualquer quantia ganha nessa ação será doada. Só não poderia deixar uma calúnia dessas passar em branco”, escreveu no Instagram.
A acusação feita por Saud também foi contestada por Ticiana Villas Boas, também apresentadora e mulher de Joesley. Ela enviou um áudio a Patricia no qual classifica o relato do executivo como “loucura total”. “Então, o que eu quero falar é que eu acho um absurdo isso tudo que está acontecendo. Aquele jantar, imagina só, não tem nada a ver. Foi um jantar normal, eu não vi nada de dinheiro, de nada que beirasse ser ilícito”, disse. O áudio será usado na ação que Patrícia move contra Saud.
Em seu depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), Saud disse que “foi um jantar muito elegante, até”. “Foi o Fábio Faria com a noiva, dele, a Patricia Abravanel, filha do Silvio Santos, foi o Robinson Faria com a esposa dele, nós todos com as esposas, tal, pra tratar de propina. É até bacana né, todo mundo com as esposas ali junto.”
Segundo o delator, o jantar serviu ao acerto de 10 milhões de reais em propina ao governador e ao deputado federal, supostamente paga por meio de doações oficiais disfarçadas, dinheiro vivo e notas frias de escritórios de advocacia. O valor, de acordo com Saud, foi desembolsado em troca da ajuda de Robinson, caso fosse eleito, em concessões de água e esgoto no Rio Grande do Norte, do interesse do Grupo J&F, que controla a JBS.
Na ação, protocolada na Vara Cível de Pinheiros, na capital paulista, a defesa de Patricia diz que o jantar foi “um encontro social entre casais, com conversas informais”, classifica o depoimento do executivo como “calunioso” e alega que “no afã de tornar sua delação mais vistosa ou atraente por se tratar a autora de pessoa famosa, o réu envolve a Autora em situação que não lhe diz respeito”. Ainda de acordo com o pedido, a repercussão do depoimento do executivo causou “abalos psíquico e moral” a Patricia Abravanel e danos à imagem dela, “com repercussão negativa nas redes sociais, inclusive prejudicando seus negócios”.
Versões
Por meio de nota, Ticiana Villas Boas confirma que o áudio é verdadeiro e foi enviado por ela “em apoio à amiga e colega de trabalho Patricia Abravanel”. A jornalista sustenta que nem ela nem Patricia presenciaram nenhuma tratativa ilícita, mas que homens e mulheres se dividiram “em vários momentos do encontro”.
“Como revela o áudio, nem ela nem Patricia, durante o período em que estiveram juntas no jantar em sua casa, presenciaram qualquer conversa com conteúdo ilícito. Em vários momentos do encontro, os casais se dividiram em grupos de homens e mulheres, e Ticiana imaginou que Patricia, assim como ela, não sabia que nas conversas entre os maridos eles trataram de propina. Por isso ela se solidarizou e se dispôs a defendê-la caso fosse necessário, com a intenção de evitar que Patricia fosse envolvida no caso”.
Também por meio de nota, o Grupo J&F declara que “nenhum dos colaboradores mentiu” e que as tratativas de propina relatadas por Ricardo Saud ocorreram em “conversa reservada, sem a participação nem conhecimento das esposas”.
“Nenhum dos colaboradores mentiu em qualquer depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República e ao Ministério Público Federal. Os colaboradores apresentaram grande número de informações e provas à PGR e em atendimento aos demais ofícios do MP, que estão sendo tratados dentro dos trâmites legais. Sobre a questão trazida pela reportagem, é importante esclarecer que o fato ocorreu na data e evento conforme relatados, em conversa reservada, sem a participação nem conhecimento das esposas. Os colaboradores continuam à disposição para cooperar com a Justiça”.