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Parque no sul Bahia quer se tornar vanguarda da exploração sustentável

Reserva na Serra do Conduru receberá mais de 100 milhões em investimentos nas próximas três décadas da empresa concessionária

Por Da Redação Atualizado em 12 jun 2024, 12h16 - Publicado em 12 jun 2024, 10h00

Localizado nas proximidades de Ilhéus, no sul da Bahia, o Parque Estadual da Serra do Conduru representa um dos trechos mais bem preservados de Mata Atlântica no Brasil e sua fama transcende as fronteiras nacionais. A região é classificada como uma dos campeãs mundiais em biodiversidade por abrigar um impressionante conjunto de fauna e flora. Além do conduru, árvore conhecida por sua madeira de cor vermelha que inspirou o nome da reserva, foram identificadas por lá outras mais de 1 000 espécies, sendo que 150 delas ocorrem exclusivamente no sul da Bahia e no norte do Espírito Santo.

A exuberante vegetação serve de lar e abrigo para centenas de famílias de aves, além de dezenas de grupos de mamíferos e anfíbios. Vários dos animais que vivem no local fazem parte da lista dos ameaçados de extinção, a exemplo do macaco-prego-do-peito-amarelo e do sabiá-pimenta. Não por acaso, o Parque atrai muitos pesquisadores do Brasil e do exterior, que vão para o lugar conferir de perto o lugar que mereceu a classificação de hotspot ambiental. O Conduru passa agora por sua maior transformação desde a criação da reserva, em 1997, como forma de compensação pela construção do trecho da rodovia BA-001, que liga os municípios de Ilhéus e Itacaré.

No final de 2022, a empresa Farah Service, baseada em São Paulo, foi a única participante do leilão para a concessão da área por trinta anos. Em maio deste ano, a companhia efetivamente assumiu a gestão do local, o que vai permitir a ela começar a implementar o projeto que ambiciona se tornar um exemplo de um novo modelo de exploração de reservas no país. No lugar da multiplicação de atrações, com a construção de resorts e infraestruturas monumentais de lazer, a Farah Service quer manter as características principais do santuário ambiental, que é visitado anualmente por um número ainda muito pequeno de turistas (cerca de vinte pessoas por mês).

APOSTA NA ECONOMIA VERDE

A ideia, aliás, não é multiplicar de forma desenfreada essa frequência, mesmo mantendo o princípio de gratuidade do acesso. Entre outros pilares, o plano tem como objetivos fomentar por lá pesquisas e usar a expertise da empresa privada para criar um ciclo de desenvolvimento econômico capaz de beneficiar toda a região no entorno do parque. “Queremos atuar como uma mola-propulsora de desenvolvimento regional”, afirma Michel Farah, o presidente da empresa. “Estamos pensando para fora da concessão, de como impactar positivamente a população de 21.000 habitantes e em 10 anos para aumentar o IDH Municipal, criando uma riqueza coletiva através de uma economia verde, tendo o parque como o catalizador e exportador de conhecimentos e produtos” completa o empresário, que tem conversas avançadas com empresas interessadas em aportar recursos para o projeto.

A Farah Service  já atua na gestão de equipamentos públicos há quase quatro décadas. Hoje, ela é responsável pela administração de aproximadamente 20 milhões quadrados de área urbana, em cerca de 5 000 praças e 300 equipamentos espalhados pelo país. O investimento inicial no Parque do Conduru será de 8 milhões de reais, com a promessa de totalizar mais de 113 milhões de reais ao longo dos trinta anos da concessão. Em São Paulo, um dos cartões de visita da empresa é a ciclovia do Rio Pinheiros, que recebe quase 20 000 ciclistas por mês.

No caso do Parque do Conduru, boa parte das ações terão como objetivo multiplicar a renda na comunidade, começando com o turismo, por meio do incentivo à hospedagem em casas da região para aumentar a receita dos moradores. Pavilhões para atividades diversas serão reformados e um mirante será construído para funcionar como torre de observação. Outras trilhas para trekking também ganharão espaço, somando-se às duas já existentes.

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Outra forma de criar empregos será a capacitação de caçadores e madeireiros para se tornarem observadores, tanto de animais quanto de árvores na região que foi considerada em 1993 a mais rica do mundo em biodiversidade, título concedido pelo Jardim Botânico de Nova York. “Vamos explorar de forma inteligente esse patrimônio”, diz Michel Farah. “Acreditamos que encontraremos várias curas pesquisando de forma mais aprofundada a flora, além de desenvolver produtos para pele e corpo, sem falar de uma nova leva de alimentos que desconhecemos”, completa o empresário.

Farah
Michel Farah (agachado, de camisa preta), com equipe do Parque (Divulgação/VEJA)

A agricultura familiar será outro pilar dessa receita econômica, com incentivo a produtores para se agruparem e venderem seus produtos. “A gestão do Parque tem o plano de comprar eventuais sobras para distribuir à população mais carente, tendo como objetivo a erradicação da fome na área”, afirma Michel Farah. Parte do investimento inicial da concessionária será justamente destinado à melhoria da infraestrutura para o escoamento da produção, sendo que uma das prioridades é a reforma da estrada que liga a cidade mais próxima, Uruçuca, à Serra Grande.  A ideia aqui é reduzir o tempo de até duas horas gastos devido às condições atuais precárias do caminho. Com a reforma, a rota poderá ser completada em 45 minutos.

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Com esse conjunto de ações e de investimentos, a concessionária do Conduru quer provar ser possível a criação de um modelo alternativo e replicável de exploração das riquezas dos parques nacionais pela iniciativa privada. “Nosso objetivo é gerar um ciclo de riqueza capaz de mudar a vida de toda a comunidade”, afirma Michel Farah. Se as intenções da empresa realmente saírem do papel, o Conduru tem condições de virar um marco de vanguarda nas experiências nacionais de exploração sustentável de reservas.

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