Operação do MP contra Cracolândia mira ex-candidata a vereadora pelo PT
Apontada como 'gerente do tráfico' pelo Ministério Público, Janaína Xavier teve apenas 238 votos na eleição de 2020
Deflagrada nesta terça-feira, 6, a operação para desmantelar o “ecossistema criminoso” da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), na região conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo, tem como um dos alvos de prisão preventiva Janaína da Conceição Cerqueira Xavier. Apontada como gerente do tráfico, a suspeita concorreu como vereadora pelo Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições de 2020 na capital paulista, mas recebeu apenas 238 votos.
O Ministério Público aponta Janaína como uma das responsáveis pelo controle da comunidade do Moinho. A investigação interceptou conversas em que ela alerta criminosos. Em uma das interceptações, na madrugada do dia 15 de junho, Janaína avisa um suposto fugitivo, identificado como Gabriel, sobre movimentações da polícia.
“JANAÍNA fala diretamente com o fugitivo (Gabriel) e reitera para ele ‘descer logo que a Polícia está na boca e eles vão voltar, porque estão com a vítima, desce logo que eu estou esperando’”, aponta o inquérito.
De acordo com o MP, ela também seria comparsa de Mardel Vidal da Silva, um integrante do PCC, conhecido como Barra Funda. Ele atuaria em um hotel de fachada na Alameda Barão de Piracicaba, na região central da capital paulista.
O alvo principal
Como mostrou a reportagem de VEJA, Leonardo Monteiro Moja, conhecido como Leo do Moinho, suspeito de liderar o tráfico de drogas na Favela do Moinho, foi o principal alvo da operação. As investigações apontam que ele é responsável por ordens dos “tribunais do crime” da região da Cracolândia.
Além das prisões preventivas de Janaína e Leonardo, o Ministério Público pediu a detenção de outros cinco suspeitos. Entre eles há três guardas municipais – Elisson de Assis, Renata Oliva de Freitas Scorsafava e Antonio Carlos Amorim Oliveira – acusados de extorquir comerciantes em troca de proteção e de lavagem de dinheiro.
O guarda municipal aposentado, Rubens Alexandre Bezerra, também teve a prisão solicitada. Segundo o MP, ele teria comercializado armas de fogo. O celular de Rubens foi apreendido em cumprimento de mandado de busca e apreensão. No aparelho, foram encontradas negociações para compra de pistolas, fuzis e outras armas.
A outra prisão preventiva é endereçada a Valdecy Messias de Souza. Ele é denunciado pela interceptação de conversas de policiais e compartilhamento das informações de forma ilícita. Segundo a investigação, ele é suspeito de comercializar equipamentos codificados nas frequências dos órgãos de Segurança Pública do Estado de São Paulo.