O truque de Bolsonaro ao dizer que ‘outro lado’ queima bandeira do Brasil
Presidente postou imagem de 2016 que, no entanto, é de um protesto contra Lula e o PT

Jair Bolsonaro (PL) voltou às redes sociais nesta sexta-feira, 15, para tentar capitalizar a decisão de uma juíza do Rio Grande do Sul de considerar o uso da bandeira do Brasil como propaganda eleitoral a favor do presidente.
Em post no Twitter, ele colou uma imagem de manifestantes queimando a bandeira do Brasil e comentou. “Nossa linda bandeira verde e amarela, que representa, acima de tudo, a soberania e os valores de nosso povo, não foi tomada por ‘um lado’, ela foi resgatada. Nós lutamos durante todos esses anos para reviver o amor pelo Brasil, enquanto o ‘outro lado’ seguia destruindo-a”, escreveu.
https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1547919592277782528?s=20&t=XoK_zhRzWU7ptq6_3W8KkQ
O “outro lado” hoje de Bolsonaro é a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A imagem postada pelo presidente tem um cartaz em que é possível ler a palavra “Lula”, mas o corte escondeu o principal: era um protesto contra Lula, contra Dilma, contra o PT e contra o PCdoB.

O ato ocorreu em 2016, durante greve de servidores públicos do Rio de Janeiro. Os manifestantes, parte deles liderada por entidades radicais de esquerda como o MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário) e o Moclate (Movimento Classista dos Trabalhadores da Educação), também miraram o prefeito do Rio, Eduardo Paes, o então governador, Luiz Fernando Pezão, Lula e a então presidente, Dilma Rousseff.
A placa de papelão cortada no post de Bolsonaro diz, na verdade: “Fora Pezao! Vá com Paes e leve o Lula Dilma vez”. Durante o ato, os manifestantes cantavam “ô ditadura, cadê você? Tá disfarçada de PT e PCdoB”. Na manifestação, não só foi queimada a bandeira do Brasil, como havia várias bandeiras da Palestina, em apoio aos árabes na luta contra Israel.
Na época, o vídeo já havia viralizado nas redes sociais de direita, sempre com a indicação de que era uma manifestação do PT, do PCdoB e demais simpatizantes de Lula, e chegou a ser alvo de agências de checagens de notícias como a Aos Fatos.