O segurança que virou bilionário: a vida do ex-senador Gilberto Miranda
Ex-político do Amazonas construiu patrimônio bilionário após fazer amizade com políticos; agora sua ex-mulher busca parte da fortuna na Justiça

Alvo de uma ação civil na Justiça em que sua ex-mulher, a empresária Carolina Andraus Lane, de 48 anos, cobra 246 milhões após a separação, o ex-senador do Amazonas Gilberto Miranda é dono de uma história rara na política brasileira. Os detalhes da disputa de Carolina e Miranda foram publicados por VEJA nesta semana.
Miranda nasceu em 1947 em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, e se mudou para Brasília aos 20 anos. Lá, foi ganhando a vida inicialmente como instrutor de natação e segurança, e chegou a dar aulas para políticos recém-mudados para o Planalto Central. Uma das pessoas que contratou o paulista foi o general João Figueiredo, que mais tarde seria presidente da República da ditadura militar. Paralelamente, se matriculou em uma faculdade de Direito e conseguiu se formar.
Nos anos 1970, o então advogado passou a atuar em casos de empresas que tinham algum tipo de dificuldade relacionada à Zona Franca de Manaus, se valendo muitas vezes dos contatos que fez ao longo dos anos em Brasília. Ele chegou a se associar com empresas que atuavam na região, a primeira delas uma fábrica de calculadoras. Ele se mudou para a capital do Amazonas em 1974.
Foi em Manaus que ele iniciou sua vida pública, primeiro se candidatando a suplente de deputado federal e, depois, como senador. A tática deu certo: mesmo sem ter tido nenhum voto direto, Miranda ocupou assento no Senado por três mandatos, o mais longo deles entre 1992 e 1999.
Ao longo da vida pública, e também depois, Miranda virou sinônimo de riqueza: comprou duas mansões no Jardim Europa, em São Paulo, tinha uma coleção de Roll-Royces que já haviam pertencido à Presidência e uma coleção de obras de arte, com os principais nomes do impressionismo, avaliada em 34 milhões de dólares. Sua adega de vinhos era conhecida no meio político. E, para o descanso, uma ilhota particular em Ilhabela, litoral paulista, para onde ia com uma lancha construída na dos anos 1920 ou em um helicóptero adquirido por 8 milhões de reais.
Além da ação milionária movida pela ex-mulher, Miranda já teve outros pepinos com a Justiça. Foi citado na Operação Castelo de Areia, que investigou superfaturamento de obras federais e na Operação Porto Seguro, que mirou a concessão de pareceres técnicos fraudulentos que teriam permitido, no caso dele, a ocupação da ilha e de uma área no Porto de Santos que ele terminou vendendo para o grupo MSC — e é desse último negócio, desenvolvido, segundo Carolina, com sua ajuda, que a ex quer uma fatia. Mas o empresário nunca foi condenado em nenhum dos casos.