O que pode impedir uma vitória de Lula no primeiro turno
Pesquisas voltam a indicar a possibilidade de petista triunfar sem a segunda rodada de votação, mas faltam quatro meses para a disputa e cenário pode mudar
As últimas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República voltaram a sinalizar que não pode ser descartada a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liquidar a eleição já no primeiro turno – mas ainda faltam quatro meses para a votação, a campanha propriamente dita ainda não começou e nem os candidatos ao Palácio do Planalto estão definidos.
Segundo os últimos resultados, Lula teria de 48,3% dos votos válidos – de acordo com o levantamento XP/Ipespe divulgado nesta sexta-feira — a 54%, na sondagem feita pelo Datafolha na semana passada. Outros institutos também chegaram a números parecidos, como as pesquisas Genial/Quaest (48,9%) e BTG/FSB (51,1%). Um candidato precisa de 50% dos votos mais um para vencer no primeiro turno.
Há, no mínimo, três fatores que podem, no entanto, impedir que a disputa acabe já no dia 2 de outubro.
O primeiro seria o crescimento da candidatura de Ciro Gomes (PDT) – que tem entre 7% e 9%, segundo as pesquisas — e é sempre o primeiro a aparecer atrás de Lula e Bolsonaro. Mas com o pedetista também pode ocorrer o contrário: o seu eleitor, majoritariamente de centro-esquerda, pode se sentir inclinado a, na reta final, ir em direção a Lula para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) já no primeiro turno, configurando o chamado “voto útil”.
O segundo fator — e mais plausível — é o crescimento da candidatura da senadora Simone Tebet (MDB), que chegou a 3% no levantamento mais recente, da XP/Ipespe. Ela tem campo para crescer porque ainda é desconhecida de boa parte do eleitorado, tem rejeição baixa, terá bom tempo na propaganda na TV e ficou com o caminho facilitado para tentar unificar o centro após a desistência do ex-governador paulista João Doria (PSDB).
Outro que pode ajudar a levar a disputa ao segundo turno é o deputado federal André Janones (Avante), que de forma surpreendente tem pontuado desde que o seu nome foi colocado no páreo, mesmo sendo de um partido pequeno e tendo pouco espaço na mídia tradicional – ele, no entanto, é um sucesso nas redes sociais, o que pode alancar as suas intenções de voto quando a campanha começar. Além disso, ele pode roubar votos tanto de Bolsonaro quanto de Lula (inclusive Janones já foi filiado ao PT).
O terceiro fator é, claro, a possibilidade de tanto Lula quanto Bolsonaro perderem votos ao longo da campanha, quando forem confrontados com os erros de seus governos, que são muitos e ainda não foram devidamente expostos na arena eleitoral. O petista, além da crise econômica deixada pelo governo Dilma Rousseff, terá que se explicar sobre os escândalos de corrupção que brotaram durante dos governos petistas e que, inclusive, levaram o ex-presidente à prisão. Já Bolsonaro terá que se ver com os maus números na economia, a volta da fome, a alta dos preços e o seu comportamento errático durante a pandemia da Covid-19 — além de escândalos variados, como o fantasma da rachadinha que assombra quase toda a família.
O sinal que a nova pesquisa sobre a popularidade de Lula enviou para o mercado financeiro
O que a nova decisão de Moraes sinaliza sobre possível prisão de Bolsonaro
Componentes da Grande Rio denunciam ‘caos’ gerado por Virgínia Fonseca
PF deu de cara com filho de Lula ao cumprir mandado contra ex-nora do presidente
‘A TV aberta está sob xeque’, diz Ernesto Paglia após demissão da Globo







