O pacote bilionário de Lula para resgatar o agronegócio endividado
Presidente libera 12 bilhões de reais em renegociação de dividas para remediar o pior 'calote do agro' da história, provocado por secas e enchentes

O governo federal liberou um pacote emergencial de 12 bilhões de reais em renegociação de dívidas para o setor do agronegócio, gravemente endividado em razão da crise climática. A medida provisória (MP) foi assinada nesta sexta-feira, 5, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desde o início do terceiro mandato tem tido uma relação política tumultuada com o agro.
Segundo o Planalto, a medida busca ajudar até 100.000 empresários do agro, especialmente pequenos e médios produtores rurais, que tiveram colheitas severamente prejudicadas em razão da seca intensa que afetou o Brasil em 2023, além das pesadas chuvas que vêm atingindo o país nos últimos anos. “Secas prolongadas e fortes enchentes causaram grandes perdas aos agricultores, gerando dívidas e travando o crédito para a preparação da nova safra. Por isso, tomei a decisão de darmos mais uma garantia ao setor”, afirma Lula em vídeo publicado nesta sexta, acrescentando que o pacote “não é perdão, é renegociação responsável”.
De acordo com o presidente, o pacote anunciado hoje cria um prazo de até nove anos, com um ano de carência, para que os agricultores regularizem suas dívidas. Para aderir ao programa de crédito, os produtores devem comprovar perdas relevantes de safra nos últimos cinco anos e atividade em municípios que, neste período, decretaram estado de calamidade ao menos duas vezes. Além dos 12 bilhões de reais dos cofres públicos, os bancos devem injetar outros 20 bilhões em recursos próprios, com taxas de juros variando de 6% a 10% ao ano conforme o porte da empresa.
Ainda conforme o comunicado do governo, produtores que não conseguirem negociar os débitos poderão ter acesso travado ao Plano Safra, principal programa de fomento ao agronegócio do governo Lula.
‘Calote do agro’ gera rombo na receita do Banco do Brasil
A disparada da inadimplência do agronegócio gerou impacto massivo nas operações do Banco do Brasil, que possui uma carteira de 600 mil clientes ligados à produção rural. No balanço financeiro divulgado em agosto, o BB relatou lucro líquido ajustado de 3,7 bilhões de reais no segundo trimestre de 2025, queda de 60% ante o mesmo período do ano passado.
O rombo foi provocado pelo pior “calote do agro” da história brasileira — em junho de 2025, o setor agropecuário devia nada menos de 2,73 bilhões de reais ao Banco do Brasil. “Só um banco do tamanho do BB tem condição de suportar o que estamos suportando”, declarou a presidente da instituição, Tarciana Medeiros, ao anunciar os resultados financeiros no mês passado.