O impressionante avanço do Bolsa Família sobre o PIB nos últimos anos
Volume de recursos destinados ao programa para reduzir a fome e a miséria no país avançou desde 2004

Repaginado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir a marca bolsonarista do Auxílio Brasil, o Bolsa Família deverá ter sua nova versão anunciada oficialmente pelo atual governo nos próximos dias. Lula lançou o programa em 2003, reunindo sob o mesmo guarda-chuva vários programas sociais da época de Fernando Henrique Cardoso, a exemplo do Bolsa-Escola. Com o passar do tempo, esse programa de distribuição de renda foi consumindo um valor cada vez maior do PIB do país. Comparado a 2003, a proporção entre o valor investido e o PIB do país cresceu quase cinco vezes.
Segundo estudo do professor Ecio Costa, titular da UFPE, os 114,6 bilhões de reais gastos com o Auxílio Brasil em 2022 corresponderam a 1,2% do PIB do país em 2021, de 8,9 trilhões de reais. Atualmente, 21,9 milhões de famílias estão cadastradas no Bolsa Família. Em 2004, a previsão orçamentária para transferência de renda às 12,6 milhões de famílias pobres beneficiárias do programa, incluindo pagamentos referentes a crianças de zero a seis anos, foi de 5,1 bilhões de reais, o equivalente a 0,3% do PIB de 2003, que foi de 1,699 trilhão de reais.
O estudo de Costa mostra que, em algumas regiões e cidades, a proporção entre o que se produz e os valores distribuídos em transferência de renda são ainda mais expressivos. No Nordeste, os 53,4 bilhões de reais pagos do Auxílio Brasil aos municípios em 2022 correspondem a 4,3% da estimativa do PIB da região no ano, relação que é de 2,5% no Norte, onde aportaram 13,7 bilhões de reais do programa.
Os estados mais impactados economicamente pelo auxílio foram o Maranhão, com 6,7 bilhões de reais (5,41% da projeção do PIB para 2022); Piauí, com 3,4 bilhões de reais (5,26% do PIB); Paraíba, com 3,8 bilhões de reais (4,72% do PIB); Ceará, com 8,2 bilhões de reais (4,24% do PIB); e Sergipe, com 2,1 bilhões de reais (4,16% do PIB).
São do Maranhão, estado onde o Auxílio Brasil mais teve relevância econômica em 2022, as cinco cidades com maior relação entre valores distribuídos e o produto interno bruto municipal: Serrano do Maranhão (37,5%), Cachoeira Grande (28,1%), Central do Maranhão (27,3%), Alcântara (24,8%) e São Vicente Ferrer (23,3%).