O fracasso bolsonarista nas eleições do Rio Grande do Sul
Nem Bolsonaro, nem Onyx e nem Mourão lideram no estado que consagrou o presidente na eleição de 2018

Depois de consagrar Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2018 — o presidente teve 52,6% dos votos no primeiro turno e 63,2% no segundo –, o Rio Grande do Sul tem se mostrado este ano um campo de batalha difícil para o bolsonarismo.
O próprio Bolsonaro não repete o desempenho de quatro anos atrás. A pesquisa Ipec de 16 de agosto deu 35% para o atual presidente entre os gaúchos, contra 40% de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — um empate técnico na margem de erro de três pontos para mais ou para menos.
O cenário se repete entre os candidatos do presidente no Rio Grande do Sul. Fiel escudeiro de Bolsonaro há anos, o deputado federal Onyx Lorenzoni (PL) era o favorito ao Palácio Piratini até o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) anunciar sua volta à corrida estadual. A partir do retorno do tucano, Onyx caiu para segundo lugar e não se recuperou. A mesma pesquisa Ipec de semana passada deu Leite na frente com 32%, enquanto o deputado federal tem 19%.
Não bastasse a distância para o tucano, o bolsonarista também pode se sentir ameaçado pelo deputado estadual Edegar Pretto (PT), que concorre ao governo com a benção de Lula. Pretto ainda tem 7%, segundo o Ipec, mas tudo indica que crescerá uma vez que se torne conhecido como o nome do ex-presidente no estado. Além disso, conta com uma rejeição bem menor que Lorenzoni: 6% dos eleitores não votariam de jeito nenhum no petista, contra 18% que pensam o mesmo sobre o nome do PL.
As mesmas dificuldades são transportadas para a disputa pelo Senado. O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) tenta a vaga para representar os gaúchos, mas tem as concorrências de peso da ex-senadora Ana Amélia Lemos (PSD) e do ex-governador Olívio Dutra (PT). O último, oficializado pelo PT há apenas algumas semanas, estreou na pesquisa Ipec liderando com 25% das intenções de voto. Amélia aparece em segundo, com 23%, e Mourão é apenas o terceiro, com 16%.
Além da força dos rivais, pesa contra os candidatos de Bolsonaro no estado a divisão de votos entre apoiadores. O senador Luis Carlos Heinze (PP) tem 6% na corrida pelo governo e a deputada estadual Comandante Nádia (PP) soma 2% nas pesquisas do Senado. Os dois conquistam votos de eleitores bolsonaristas que podem custar caro aos candidatos oficiais do governo federal.