O entusiasmo do agronegócio com o Plano Safra de Lula
Programa 2023/2024 deverá ter contrapartida 'verde' com taxas de juros menores e maior orçamento da história, com cifras acima dos 400 bilhões de reais
Prestes a ser anunciado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, o Plano Safra 2023/2024 já brilha aos olhos de representantes do agronegócio.
Com previsão de lançamento para a próxima terça-feira, 27, o programa deverá ter o maior orçamento da história, com cifras acima dos 400 bilhões de reais. A estimativa é do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que esteve nesta quinta-feira, 22, no Ministério da Fazenda para afinar o montante final que será destinado a produtores agrícolas no país.
O aumento dos recursos para o Plano Safra é uma das principais demandas do setor, que queixava-se da míngua dos anos de Jair Bolsonaro. As safras 2021/22 e 2022/23 tiveram 294 bilhões e 296 bilhões de reais em recursos aplicados, respectivamente — orçamentos considerados “aquém” do necessário, sobretudo tratando-se de um setor responsável por quase metade das exportações brasileiras e por puxar o crescimento do PIB do primeiro trimestre deste ano.
Segundo o governo, o primeiro Plano Safra da atual gestão terá como objetivo estimular a produção sustentável de alimentos e a agropecuária com baixa emissão de carbono. Tema sensível ao agronegócio, até mesmo a “guinada verde” é vista com bons olhos pelo setor. A proposta que será detalhada na próxima semana prevê a concessão de prêmios — por meio de taxas de juros menores — a produtores que adotem boas práticas ambientais.
“É música para nossos ouvidos. Já fazemos tudo isso”, diz o deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), sobre as contrapartidas “sustentáveis” a serem delineadas pelo governo.
Apesar do entusiasmo com o incremento no orçamento, a FPA ainda pleiteia a garantia de linhas de crédito como o seguro rural e a viabilização de recursos extras voltados à equalização de juros.
“Estamos tratando de milho e soja abaixo do custo de produção e vamos precisar de seguro. A estimativa é que precisaríamos de 25 bilhões de reais para equalização de juro. Sabemos que o governo não vai conseguir chegar nisso, mas temos que tentar chegar no mais próximo possível”, afirmou o parlamentar em entrevista recente a VEJA. Segundo interlocutores do governo, a cifra a ser disponibilizada giraria em torno de 20 bilhões de reais.