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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

O dia em que o novo chefe do GSI recebeu (e homenageou) Fidel Castro

Ricardo Capelli era presidente da UNE quando a entidade concedeu ao ditador cubano o título de presidente honorário em congresso em Belo Horizonte

Por Redação Atualizado em 21 abr 2023, 14h01 - Publicado em 21 abr 2023, 13h59

O novo chefe interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula, Ricardo Capelli, é um antigo militante do PCdoB, e foi por esse partido que construiu quase toda a sua carreira política, até virar secretário-executivo do Ministério da Justiça na gestão de Flávio Dino, que era da mesma sigla partidária até 2021.

Como militante do PCdoB, Capelli foi assessor de vereador no Rio de Janeiro e trabalhou no Ministério do Esporte entre 2003 e 2006, na gestão de Agnelo Queiroz, que a época era filiado ao PCdoB. Foi secretário municipal no governo de Lindbergh Farias (hoje PT, mas ex-PCdoB) na prefeitura de Nova Iguaçu e secretário de Comunicação de Flávio Dino nos dois mandatos do então comunista no governo do Maranhão.

E foi pelo PCdoB que ele iniciou a sua carreira política, ao tornar-se em 1997 presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), quando o partido mantinha uma longa hegemonia à frente da entidade – ele sucedeu a Orlando Silva, que hoje é deputado federal pelo PCdoB-SP.

No congresso no qual encerrou o seu mandato, no dia 1º de julho de 1999, Capelli recebeu no ginásio do Mineirinho, em Belo Horizonte, a visita do ditador Fidel Castro e concedeu a ele o título de presidente honorário da UNE. O dirigente cubano estava em visita ao Brasil e tinha acabado de se encontrar com o governador de Minas Gerais, Itamar Franco.

Segundo relato feito pela própria UNE em seu site, Cappelli fora chamado pela segurança de Castro para sair do palco do evento e recebê-lo. O presidente cubano foi cordial ao cumprimentá-lo e disse que, estando no Brasil, não poderia criticar o governo de Fernando Henrique Cardoso. “Sim, eu entendo, o senhor é um chefe de Estado”, respondeu Capelli.

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Questionado por Fidel sobre qual assunto deveria tratar no encontro, que reunia mais de dez mil estudantes, Capelli sugeriu, segundo a UNE, que ele falasse sobre a luta internacional dos trabalhadores, socialismo e conjuntura internacional. “Esse episódio na verdade demonstra a grandeza e a sensibilidade de uma pessoa que foi um dos principais personagens do século XX”, avalia Cappelli em reportagem no site da entidade.

Capelli
Fidel Castro recebe camisa da seleção brasileira em congresso da UNE — ao seu lado, de camisa azul e crachá, está o então presidente da entidade, Ricardo Capelli (UNE/Reprodução)

A vinda de Fidel foi uma trama construída a muitas mãos, segundo Cappelli. Ele afirma que contou muito a relação institucional da UNE com a FEU (Federação Universitária Estudantil, de Cuba): “O ex-presidente da FEU, Carlos Valenciaga, tinha saído da entidade há uns dois anos e tinha virado secretário particular do Fidel. Nós entramos em contato com ele. Um outro fator foi a relação do Itamar Franco com Cuba”, relembra no site da UNE.  “Uma parte da nossa oposição não acreditava que o Fidel iria para o Congresso”, completa Cappelli.

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Wadson Ribeiro, que foi eleito presidente da UNE naquele congresso, relembra a chegada de Fidel. “Quanto ele chegou no estádio, eu me lembro perfeitamente, nós ficamos perfilados para ele cumprimentar a diretoria da entidade. O Fidel cumprimentou um por um. Até então os estudantes não tinham visto ele. E quando ele entrou para o palco, quando dez mil estudantes no Mineirinho viram aquele homem de quase dois metros de altura, de farda verde, foi uma comoção generalizada”, lembra.

Quem lembrou do passado de Capelli como dirigente da UNE nesta sexta-feira, 21, foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que fez um post nas redes sociais lembrando que ele é o primeiro não militar a comandar o GSI.

https://twitter.com/BolsonaroSP/status/1649404769771896832?s=20

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Assim como ocorre com Dino, Ricardo Capelli, que é o número 2 do ministro, já é um dos alvos do bolsonarismo. A gritaria contra ele só deve aumentar nos próximos dias. Ter sido camarada com Fidel Castro, certamente, não irá ajudá-lo na relação com os radicais de direita. No governo Jair Bolsonaro, o GSI, vale lembrar, era comandado por um ferrenho anticomunista, o general Augusto Heleno.

Nova missão

O jornalista Ricardo Capelli, de 51 anos, virou o homem das missões difíceis no governo Luiz Inácio Lula da Silva. A sua nova empreitada é comandar a transição no GSI (Gabinete de Segurança Institucional) após a queda do titular, o general Gonçalves Dias, em decorrência da divulgação de um vídeo em que aparece contemporizando com invasores do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro.

Capelli tem uma tarefa bastante espinhosa, porque Lula vai aproveitar o episódio para conduzir a reformulação do GSI, responsável pela segurança da Presidência da República, e a sua transição para uma estrutura menos militar, mais esvaziada e comandada por civis.

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Em menos de dois dias no cargo, Capelli já se reuniu com o ministro da Defesa, José Múcio, e com o comandante do Exército, general Tomás Paiva. Além disso, teve de responder a questionamentos feitos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, sobre a identificação de servidores que aparecem no mesmo vídeo que comprometeu Gonçalves Dias. “Vamos acelerar a sindicância em curso no GSI”, anunciou Capelli.

Capelli já havia sido indicado para outro missão difícil no começo do ano, quando tornou-se interventor da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, após o afastamento do então titular, o ex-ministro Anderson Torres, acusado de ter sido leniente com os manifestantes que invadiram as sedes dos três poderes em 8 de janeiro.

Capelli ficou no cargo de 8 de janeiro até o dia 31 daquele mês. Em seu relatório, apontou que o policiamento foi esvaziado no dia das invasões, apesar dos alertas de que poderiam ocorrer protestos, que ao menos nove comandantes das forças de segurança estavam de férias ou de licença no momento do ataque ao Congresso, ao Palácio do Planalto e ao STF — Anderson Torres estava entre eles — e que houve descumprimento de ordens dos comandantes que estavam em ação. Ele relatou, ainda, que o acampamento bolsonarista em frente ao quartel-general do Exército, cuja existência foi permitida pelas forças de segurança, teve papel central no episódio golpista.

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