Nome de desembargador do Paraná aparece entre doadores de Richa
José Fagundes Cunha diz ter alugado casa em Ponta Grossa (PR) à campanha do filho do tucano. Campanha reconhece erro ao informar nome do magistrado ao TSE

O nome do desembargador José Sebastião Fagundes Cunha, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), aparece no sistema de prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como doador e recebedor de valores da campanha do ex-governador Beto Richa, candidato do PSDB ao Senado pelo estado. Fagundes Cunha e a campanha de Richa dizem, contudo, ter havido erro na informação à Justiça Eleitoral e que ele não doou. O tucano é investigado pelo Ministério Público estadual paranaense por corrupção e passou quatro dias preso na semana passada.
Conforme mostra o sistema do TSE, o desembargador doou, em 31 de agosto, 5.000 reais à campanha de Richa por meio de um imóvel na cidade de Ponta Grossa (PR) (veja a primeira imagem abaixo). Naquele mesmo dia, ainda de acordo com o sistema do TSE, o magistrado recebeu 5.000 reais da campanha do tucano, referentes à locação do mesmo imóvel, uma casa no número 600 da Rua Rodrigues Alves (veja a segunda imagem abaixo).
O dinheiro entrando e saindo do caixa de Richa representaria, na prática, a doação do aluguel do imóvel à campanha dele.
Além dos 5.000 reais informados ao TSE como doação de Fagundes Cunha, Beto Richa recebeu 1 milhão de reais do PSDB Nacional, 228.456,37 reais do PSDB paranaense, 10.000 reais de Horácio Lafer Piva e 10.000 reais de Eduardo Lafer Piva.


Procurado pela reportagem, o desembargador explicou, no entanto, que alugou a casa à campanha de Marcello Richa, filho de Beto Richa, a deputado estadual – e não à do Richa pai ao Senado. Cunha se diz indignado com a inclusão de seu nome entre os doadores do tucano e relata que o contrato de locação com Marcello sequer foi assinado ainda. “Não sou e não serei doador da campanha”, diz.
Como o acordo ainda não foi oficializado, relata o desembargador, ele ainda não recebeu pelo aluguel, embora o comitê de Marcello Richa já funcione no local. O nome de Fagundes Cunha não aparece entre os credores da campanha do filho de Beto Richa.
O advogado Luiz Fabrício Betin Carneiro, que atua nas campanhas de Beto e Marcello, reconhece ter havido “erros de lançamento” na contabilidade das campanhas do ex-governador e seu filho, uma por incluir e a outra por excluir o nome de José Sebastião Fagundes Cunha. “Marcello locou esse comitê para compartilhar com Beto, que, por sua vez, errou na prestação de contas ao lançar a doação do proprietário do imóvel”, explica Carneiro.
Segundo o advogado, o nome de Fagundes Cunha, locador do imóvel, deveria estar entre os credores da campanha de Marcello Richa, locatário. Como o filho de Richa compartilha o comitê com o pai, sua campanha deveria aparecer como doadora do aluguel à campanha do ex-governador – e não o desembargador.
Luiz Fabrício Betin Carneiro diz que as campanhas já pediram à Justiça Eleitoral a retificação das contas de Marcello e Beto Richa.