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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Narcisismo, ansiedade e agressividade: o perfil dos candidatos em SP

Especialista em criminologia forense identificou características dos líderes da disputa com base nas reações deles durante os debates

Por Da Redação Atualizado em 3 out 2024, 17h32 - Publicado em 3 out 2024, 15h01

O debate eleitoral que ocorre na noite desta quinta-feira, 3, na TV Globo, promete ser decisivo para os candidatos à prefeitura de São Paulo. Em 2024, a corrida municipal na capital paulista foi marcada por ataques, agressões e nervos à flor da pele, com adversários mostrando lados mais agressivos durante os embates ao vivo e deixando de lado a discussão de propostas.

Com base nos debates televisivos que ocorreram até aqui — dez desde o início do período de campanha –, é possível observar traços de comportamento distintos em cada candidato, como expressões faciais, tom de fala e linguagem corporal. A reportagem de VEJA pediu ao criminologista Reginaldo Tirotti, perito em Ciências Forenses, uma análise do perfil psicológico dos líderes da disputa ao Executivo paulistano.

“Durante os debates, as microexpressões faciais dos candidatos são difíceis de controlar conscientemente, porque são desencadeadas por emoções automáticas como medo, raiva, tristeza, surpresa, desgosto, alegria ou desprezo”, explica Tirotti. A partir de uma análise estritamente criminológica, com base em comportamentos utilizados por peritos para perfilamento, o especialista compartilha alguns insights sobre a postura dos candidatos em São Paulo.

Ricardo Nunes (MDB)

Nos debates, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) demonstra uma postura contida, refletindo cautela e pragmatismo. Microexpressões de preocupação podem surgir quando se depara com questões delicadas, o que indica uma personalidade mais analítica e voltada à diplomacia.

Sua comunicação verbal é moderada, instruída (treinada) e calculada, com gestos contidos que acompanham sua fala, revelando foco em controle e estabilidade.

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Sua postura mais reservada, porém, pode ser vista como indício de ansiedade social ou preocupação excessiva com a imagem pública.

Guilherme Boulos (PSOL)

Boulos se apresenta de forma assertiva, com microexpressões que frequentemente refletem paixão e raiva, especialmente quando aborda questões sociais. Ele utiliza uma comunicação direta e emocional, com gestos amplos que buscam uma tentativa de se desvincular de seu passado, enquanto sua mudança de discurso, anteriormente mais radical, pode refletir a pressão por adaptar-se às expectativas do eleitorado.

Pablo Marçal (PRTB)

Marçal apresenta uma postura confiante e expansiva, com microexpressões que sugerem autossatisfação e orgulho. Seu estilo se assemelha ao de um líder motivacional, reforçando sua imagem de autoridade, e seu discurso é persuasivo e otimista, voltado para soluções e crescimento pessoal, acompanhado de gestos amplos que refletem sua experiência como coach.

Enquanto Nunes tende a ser mais formal e controlado, Marçal tende a uma adotar uma postura expansiva voltada à liderança motivacional. Contudo, sua autoconfiança e constante prática de provocação podem sugerir traços de narcisismo, segundo algumas interpretações.

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‘Cadeirada revela muito mais do que uma disputa acalorada’, afirma perito

Para o especialista, o episódio da cadeirada que o apresentador José Luiz Datena (PSDB) acertou em Marçal, durante um debate nos estúdios da TV Cultura, pode revelar indícios alarmantes sobre a personalidade e perfil dos envolvidos. A agressão ocorreu após uma sequência de insultos e provocações do coach contra o jornalista, chegando a afirmar que o rival “não é homem” para bater nele.

Segundo Tirotti, durante as falas de Marçal, Datena demonstrou sinais de raiva intensa, como franzir a testa ou apertar os lábios. Essas expressões rápidas e involuntárias indicam uma escalada emocional que culminou na agressão física. Seu comportamento revelou impulsividade, com microexpressões de intolerância e frustração — o tucano já possui um estilo combativo, e a postura de ataque, seguida do gesto agressivo de levantar a cadeira, reflete autoritarismo e impulsividade, sugerindo que ele ultrapassou seu limite emocional.

Já o coach pode ter mostrado sinais sutis que revelam confiança exagerada e uma atitude de desdém, como pequenos sorrisos ou levantar do lábio superior, que pode ter contribuído para a escalada da situação. Enquanto atacava o adversário, Marçal adotou uma postura de autoafirmação, dominância e despreocupação — seu comportamento confiante pode ter exacerbado a reação de Datena, intensificando o confronto.

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