Mesa da Câmara pede a suspensão de deputado do PL que ofendeu Gleisi
Representação ao Conselho de Ética assinada pelo presidente Hugo Motta afirma que Gilvan da Federal abusou de suas prerrogativas

A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados pediu a suspensão cautelar do mandato do deputado Gilvan da federal (PL-ES) por por um período de seis meses, por ofensas proferidas contra a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. A representação, com a assinatura do presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), foi encaminhada ao Conselho de Ética, que tem quinze dias para analisar o caso.
O pedido foi protocolado na quarta-feira, 30, um dia depois de Gilvan protagonizar uma ferrenha discussão com o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) durante sessão da comissão de Segurança Pública, que na ocasião recebia o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Lindbergh é namorado de Gleisi.
Durante a sessão, Gilvan citou um pseudônimo atribuído à ministra (“Amante”) que fora encontrado pela Polícia Federal nas planilhas da Odebrecht durante as investigações da Operação Lava-Jato e disse ser “um prostituta do caramba”. “Na época em que esse ex-presidiário [o presidente Lula] foi preso, eu estava na Polícia Federal, e chovia ataques à PF pelo pessoal do PT. Por exemplo, da senadora Gleisi Hoffmann. Hoje, elogiam a PF porque temos um diretor-geral petista. Na Odebrecht, existia uma planilha de pagamento de propina a políticos. Eu citei aqui o nome ‘Lindinho’ e ‘Amante’, que devia ser uma prostituta do caramba”, afirmou na ocasião.
A representação enviada ao Conselho de Ética afirma que o parlamentar “incorreu em condutas incompatíveis com o decoro parlamentar (…), ao proferir manifestações gravemente ofensivas e difamatórias” contra Gleisi, “em evidente abuso das prerrogativas parlamentares, o que configura comportamento incompatível com a dignidade do mandato”.
De acordo com a Mesa Diretora, “as falas do representado excederam o direito constitucional à liberdade de expressão, caracterizando abuso das prerrogativas parlamentares, além de, repise-se, ofenderem a dignidade da Câmara dos Deputados, de seus membros e de outras autoridades públicas”.
Nesta quinta-feira, 1, a bancada feminina do PT na Câmara divulgou nota de repúdio às declarações e pede que Gilvan da Federal seja responsabilizado tanto no Conselho de Ética quanto na esfera criminal. “A imunidade parlamentar não pode ser um escudo para a prática de crimes e a disseminação de ódio e misoginia”
No texto, as parlamentares lembram ainda que Gilvan já foi condenado pela Justiça Eleitoral por violência política de gênero. “Gilvan da Federal, parlamentar que já carrega a marca infame de ter sido condenado pela Justiça Eleitoral por violência política de gênero contra a deputada estadual Camila Valadão (PSOL-ES) — na aplicação da Lei nº 14.192/2021 —, repete com este novo ataque sua trajetória de ódio e desprezo pelas mulheres e pela própria democracia”.
Deputado já afirmou desejar morte de Lula
No início de abril, Gilvan da Federal, que é autor de um projeto de lei para desarmar a guarda pessoal do presidente da República, afirmou desejar a morte de Lula. “Eu quero mais que o Lula morra, quero que ele vá para o quinto dos infernos, é um direito meu. Não vou dizer que eu vou matar cara, mas eu quero que ele morra, que vá para o quinto dos infernos”, afirmou na ocasião.
Após pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) para que a PF e a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigassem se as declarações estão cobertas pela imunidade parlamentar, o deputado subiu novamente ao plenário, desta vez para pedir desculpas.