Mauro Cid estará em São Paulo na data de ato de Bolsonaro na Paulista
Moraes autorizou viagem do tenente-coronel para compromisso da filha; proibição de falar com os demais investigados continua valendo

O tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid estará na capital paulista no próximo domingo, 6 de abril, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus correligionários farão uma manifestação na Avenida Paulista pedindo anistia aos presos pelos ataques do 8 de janeiro. A autorização que o ministro Alexandre de Moraes concedeu ao ex-ajudante de ordens, contudo, não tem nada a ver com o ato — Cid passará uma semana em São Paulo para acompanhar a participação de sua filha em um campeonato de hipismo.
A decisão dada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira, 31, reforça que Cid está em liberdade provisória e, mesmo liberado para estar alguns dias em São Paulo, ainda precisa obedecer a todas as condições da benesse. Uma delas é, justamente, não ter qualquer contato com os demais investigados.
“Ressalte-se o caráter provisório da presente decisão, que não dispensa o requerente do cumprimento das demais medidas cautelares a ele impostas”, disse Moraes. O tenente-coronel continuará usando tornozeleira eletrônica e ainda estará proibido de sair à noite. De acordo com a defesa de Mauro Cid, ele ficará hospedado em um estabelecimento do Exército no bairro do Paraíso, próximo dos arredores da Avenida Paulista. O ex-ajudante de ordens foi liberado para estar em São Paulo entre os dias 1º e 7 de abril.
Delação de Cid
O acordo de colaboração premiada feito por Mauro Cid foi o que o colocou em liberdade e é a espinha dorsal das investigações da tentativa de golpe de estado, que acabaram colocando Bolsonaro e mais sete ex-auxiliares de seu governo (incluindo o próprio Cid) no banco dos réus na semana passada. No começo dos primeiros inquéritos envolvendo o ex-presidente, quando ele ainda era investigado apenas nos casos das joias sauditas e da fraude aos cartões de vacinação, ele chegou a dizer à imprensa que Cid agira sozinho, sem ordens suas.
Agora, que o caso da tentativa de golpe se tornou uma das maiores ações penais da história do Supremo, as defesas (não só de Bolsonaro) batalham pela anulação do acordo de Cid, alegando que ele foi feito sob coação e com vícios de vontade. Embora a tese deva ser sustentada até o final do julgamento, ao aceitar a denúncia contra o ex-presidente e os demais acusados, os ministros da Primeira Turma do STF mantiveram o acordo de delação em vigor.