Mãe de policial morta quer ser indenizada por família de Saladino
Milene Bagalho Estevam foi baleada em confronto com empresário e seu segurança no bairro dos Jardins, em São Paulo

Uma filha exemplar, uma profissional excelente e uma mãe perfeita. É assim que a policial civil Milene Bagalho Estevam, morta a tiros no último sábado, 16, em São Paulo, é descrita pela mãe, Schirlei Estevam.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, Milene e um colega investigavam um roubo nos Jardins, na zona sul de São Paulo, e tocaram a campainha da casa vizinha, do empresário Rogério Saladino, para pedir que fornecesse imagens de suas câmeras de segurança.
Neste momento, por achar que a casa estava sendo invadida, o empresário recebeu os agentes a tiros e atingiu Milene – o outro policial reagiu e atirou contra ele. O vigilante da casa, Alex Gomes, também foi baleado. O vigia morreu no local, enquanto Saladino e Milene chegaram a ser socorridos e levados a um hospital, mas não resistiram.
Schirlei Estevam conta que recebeu a notícia na noite de sábado, por meio de uma amiga da filha. “Foi como se tivesse aberto um chão para mim. É um sentimento tão horrível, eu entrei em desespero. Tenho 75 anos. Pela lei da vida, eu iria primeiro, não ela”, lamenta. “A Milene era uma pessoa maravilhosa em tudo. Desde o dia em que ela nasceu até o último momento da vida dela, ela só me deu alegrias. Ela amava o pai e a mãe, se dedicou de corpo e alma para a polícia. Ela era uma filha exemplar, uma profissional excelente e uma mãe perfeita”, diz.
Schirlei afirma ter se surpreendido com a comoção que a morte de Milene causou dentro da Polícia Civil. A corporação providenciou o enterro e as homenagens. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, e diretores do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) estiveram no velório para prestar solidariedade à família da vítima. “Eu sabia que ela era uma ótima profissional, mas não sabia que era tanto. Acho que nem ela sabia que era tão valorizada na profissão”, diz.
Quem era Milene Bagalho Estevam?
Milene, de 39 anos, era investigadora há sete anos. Se formou em direito e trabalhou como advogada antes de prestar o concurso para ser policial. Enquanto aguardava o resultado, ela também fazia bolos para vender. “Eu não era a favor de ela ir para a polícia, sempre tive medo. É uma profissão de risco. Mas ela amava o que fazia, ela morreu pela polícia”, diz Schirlei. A agente deixa uma filha de cinco anos.
Schirlei e a filha tinham uma relação muito próxima. No início do ano, fizeram a mesma tatuagem no braço. Era uma promessa de Milene caso a mãe se curasse do câncer. Ela conta ainda que a filha passaria o Natal em sua casa na próxima semana. “Comprei um vestido vermelho para ela usar. Ela nem tinha visto ainda, ia passar aqui no domingo. Não deu tempo. Eu coloquei o presente dentro do caixão para ela levar.”
Indenização
A mãe afirma que deve entrar com uma ação contra a família de Saladino na Justiça para pedir indenização pela morte da filha. “Só de olhar as imagens me dá raiva. Como um cara pode abrir o portão e sair atirando contra uma pessoa que não teve nem direito de defesa? Ela estava com a viatura, com distintivo da polícia, como vai confundir com bandido?”, questiona.