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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Lula tenta refazer pontes com o agro, mas recebe críticas por causa do MST

Presidente vai a Mato Grosso do Sul acompanhar embarque de carne para a China em aceno ao setor, mas enfrenta críticas em razão do movimento de sem-terra

Por Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 12h27 - Publicado em 11 abr 2024, 09h42

Enquanto tenta se aproximar do agronegócio — setor ainda refratário ao governo –, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem estado às voltas com invasões de terra do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e enfrenta críticas de produtores aos acenos que estaria fazendo à organização.

Na próxima sexta-feira, 12, Lula faz um novo movimento em direção ao agro ao acompanhar, em Mato Grosso do Sul, o primeiro embarque para a China de carne oriunda de frigoríficos recém-habilitados para exportação ao país asiático, o maior mercado comprador de proteína animal brasileira. O evento simbólico, que acontecerá em uma unidade da JBS em Campo Grande, deve durar pouco mais de uma hora e é tido como mais um gesto feito em direção ao setor.

Em março, o Ministério da Agricultura anunciou a maior habilitação — foram 38 de uma só vez — de abatedouros de frango e bovinos, além de outras unidades, aptos a vender carne para a China. A garantia de um fluxo de comércio de proteína animal ao país asiático é importante sobretudo frente aos recorrentes vetos chineses à carne brasileira.

Intensificados durante a pandemia de Covid-19, o último embargo foi aplicado em 2023, após a verificação de um caso isolado do “mal da vaca louca” no Pará. Como parte do protocolo, a exportação de carne produzida no Brasil foi suspensa por praticamente um mês. Apenas em 2023, o país asiático importou 2,2 milhões de toneladas de carnes do Brasil, ultrapassando a marca de mais de 8,2 bilhões de dólares.

Outro ponto de convergência entre governo e agronegócio tem sido a regulamentação do setor de biocombustíveis, que são produzidos, em sua maioria, a partir de derivados de cana e soja. O projeto de lei sobre o tema foi aprovado na Câmara dos Deputados em março, com apoio de 439 dos 513 deputados.

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MST

Paralelamente — e apesar dos esforços –, Lula tem sido alvo de críticas do setor. O último ponto de atrito se deu após 6 de abril, depois que o presidente recebeu integrantes do MST, sindicalistas e representantes de diversas entidades da sociedade civil — entre elas os Evangélicos pela Democracia, os Católicos pela Democracia e setores pastorais da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Apesar de o Planalto não ter divulgado a pauta do encontro, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, que participou da reunião, afirmou que havia uma demanda dos movimentos de um momento de conversa e de diálogo com Lula — que, por sua vez, teria o interesse de saber a visão dos movimentos a respeito do governo.

O gesto, a princípio amistoso, não foi bem recebido por lideranças da oposição e interlocutores do agronegócio. A ex-ministra da Agricultura do governo Jair Bolsonaro e atual senadora Tereza Cristina (PP-MS) criticou o aceno. “O radicalismo que gera insegurança jurídica e tira a paz do campo não tem limites. O MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário) prometeu entregar uma ‘prateleira de terras’ para o MST na próxima segunda. E o movimento foi recebido por Lula no último sábado na Granja do Torto”, publicou a parlamentar.

“Mesmo com esse tratamento vip, o MST iniciou seu Abril Vermelho. Invadiu uma fazenda da Ceplac, no sul da Bahia, órgão federal responsável pela pesquisa do cacau. Para o MST, a ciência é improdutiva. É o Terror Vermelho”, prosseguiu a senadora.

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O comentário foi uma alusão ao Abril Vermelho, iniciativa realizada anualmente pelo MST que tem como objetivo promover a defesa da reforma agrária a partir de ocupações de terra. Na última terça-feira, 9, cerca de 400 famílias do movimento realizaram a primeira invasão de uma fazenda de Itabela, no sul da Bahia. A área abriga uma estação de zootecnia da Comissão Executiva de Lavoura de Cacau (Ceplac), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura. O MST afirma que a propriedade é improdutiva, mas o órgão diz que a unidade é usada para pesquisas e, portanto, não está no rol de terras disponíveis para reforma agrária.

No meio da confusão, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), participou, também na terça-feira, da Marcha Estadual do MST pela Reforma Agrária, que marca o início do Abril Vermelho, em Feira de Santana. O petista defendeu que o movimento tenha as reivindicações ouvidas.

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