Justiça nega devolução do passaporte a prefeito que esteve com Tarcísio
Acusado de ligação com o PCC, Ney Santos, de Embu das Artes (SP), já foi preso e responde a vários processos

A Justiça negou ao prefeito de Embu das Artes, Claudinei Alves dos Santos, conhecido como Ney Santos (Republicanos), a devolução de seu passaporte, apreendido há três anos. O político é acusado pelo Ministério Público de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e organização criminosa. A Ney é atribuído pelos investigadores uma longa ligação com a facção criminosa PCC, com a gestão de postos de combustíveis utilizados para legitimar recursos ilícitos.
Na ação, os promotores afirmam que em um comício de Ney, em 2016, foram encontradas grandes quantidades de drogas que seriam distribuídas aos presentes. Em outro trecho da investigação, escutas telefônicas autorizadas pela Justiça também apontam a ligação do prefeito com a facção criminosa.
Nos últimos dias, circulam vídeos pelas redes sociais em que Ney Santos aparece ao lado de Tarcísio de Freitas, candidato do Republicanos ao governo do estado. “Estou tendo aqui uma rica oportunidade de estar com nosso próximo governador de São Paulo”, afirma Ney. Segundo o prefeito, o objetivo do encontro com o ex-ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro foi discutir “várias pautas importantes para a nossa região, principalmente na área de saúde”.
Como resposta pelas palavras, Tarcísio disse que “vamos trabalhar juntos”.

Ney Santos foi preso pela primeira vez em 1999, quando tinha 19 anos de idade, por receptação e formação de quadrilha. Em 2003, voltou a ser preso sob suspeita de ter participado de um assalto a um carro-forte, que contou com o uso de metralhadora. Ficou dois anos na prisão e foi solto após julgamento em segunda instância.
Depois que saiu da prisão, virou empresário do ramo de combustíveis. Foi eleito prefeito pela primeira vez em 2016, acabando com uma hegemonia do PT de dezesseis anos na cidade. Ele foi condenado depois pela Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico na campanha, obtenção de recursos financeiros ilícitos, empregos de laranja para realização de doações eleitorais, gastos eleitorais acima do permitido e caixa dois. Ele perdeu os direitos políticos e foi cassado, mas manteve-se no cargo em razão de recurso judicial.
Como prefeito, voltou a ser detido, em junho de 2021, durante uma operação policial na fazenda do seu irmão, em Encruzilhada, no sudoeste da Bahia, onde foram apreendidas armas e 670 mil reais em dinheiro. Ele prestou depoimento e foi liberado. A operação foi feita após denúncia anônima de que o local era usado para movimentação ilegal de mercadorias. Em nota, o prefeito disse que as duas armas apreendidas eram legais e pertenciam a um funcionário da fazenda e os valores apreendidos eram frutos da atividade da propriedade rural.