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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Em meio a polêmica, Justiça barra inauguração de estátua de Lúcifer no RS

Prefeitura de Gravataí pediu interdição pelo fato de templo não ter alvará e CNPJ e ‘pela insegurança gerada diante da grande repercussão causada pelo tema’

Por Ramiro Brites Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 ago 2024, 13h19 - Publicado em 14 ago 2024, 12h58

O anúncio da abertura de um santuário dedicado ao culto de Lúcifer virou alvo de disputa judicial e política no município gaúcho de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. Uma liminar acatou um pedido da Procuradoria-Geral do Município para interditar o local e suspender um evento, marcado para a noite de terça-feira 13, para inaugurar uma imagem dedicada ao demônio.

O templo fica em uma propriedade privada de cinco hectares na zona rural de Gravataí. O local seria a sede da “Nova Ordem de Lúcifer na Terra”, onde foi construída uma estátua, com três metros de altura sobre uma base de 2 metros e 50 centímetros, para representar o “anjo caído”. Nas redes sociais, um dos fundadores do culto, Lukas de Bará da Rua, publicou um vídeo na tarde de terça-feira em que mantinha a inauguração conforme havia planejado. Com medo da represália, ele optou por não divulgar o endereço exato do evento.

“Chegou o grande dia. É hoje que vamos inaugurar o santuário de Lúcifer. Tem muita gente contrária, muita gente brigando, muita gente se manifestando, mas nós temos o direito ao nosso culto. Está na legislação. Eu espero que a lei seja cumprida e que a gente possa ter o nosso direito seja respeitado”, afirmou Lukas.

A decisão da 4ª Vara Cível Especializada em Fazenda Pública do Fórum de Gravataí, porém, impediu que o evento ocorresse e determinou a interdição do local, sob pena de multa diária de 50.000 reais. “O pedido por parte da prefeitura se deu pelo fato de o templo não ter alvará de funcionamento, não ter CNPJ constituído e também pela insegurança gerada diante da grande repercussão causada pelo tema”, disse a prefeitura em nota.

Fundadores do culto

No Instagram, Lukas de Bará da Rua se define como mestre de quimbanda independente e o “rei da amarração amorosa”. Ele oferece serviços que ficam mais caros à medida em que o contato com Lúcifer se intensifica. Um “trato” com o demônio custa 966 reais, enquanto uma “aliança” está precificada em 1.666 reais, ambos trabalhos podem ser feitos de forma presencial ou não. Já o “pacto” com Lúcifer custa 6.666 reais e só pode ser feito presencialmente. Além de Lukas, a “Nova Ordem de Lúcifer na Terra” também é fundada por Tata Hélio Astaroth. A reportagem tentou contato com os fundadores do culto, mas não obteve resposta.

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Lukas de Bará da Rua ao lado da estátua de Lúcifer – (Instagram/Reprodução)

Em outro vídeo nas redes sociais, Lukas afirma que a prefeitura não tem envolvimento com a construção da estátua, nem com a criação da sede religiosa. Na quinta-feira passada, 8, o município publicou uma nota sobre o episódio: “Diante da grande repercussão nas redes sociais e questionamentos à prefeitura, a administração municipal informa que não tinha conhecimento até o momento sobre a criação de um santuário dedicado a Lúcifer na cidade. Não há qualquer vínculo ou recurso público da prefeitura no empreendimento”, diz o comunicado.

Prefeito acusa adversários políticos

O prefeito de Gravataí, Luiz Zaffalon (PSDB), conhecido na cidade como Zaffa, publicou na sexta-feira um vídeo em que acusa adversários políticos de usarem o templo para atacá-lo com objetivos eleitoreiros. “Nem começou a campanha ainda, mas a baixaria, a acusação, o baixo nível já chegou”, disse o prefeito. Ele afirma que é um “cristão humanista”, que “respeita a liberdade de culto”, mas deixa claro que “a prefeitura não tem nada a ver com isso”.

De acordo com o vídeo, adversários políticos de Zaffa tentaram causar confusão entre o novo templo em homenagem a Lúcifer e um terreno cedido pela prefeitura “para fins religiosos, dos povos de Matriz Africana”, onde foi instalada uma imagem de Exú. “Aquele é uma coisa, teve projeto, foi analisado, autorizado, esse do Lúcifer não tem nada a ver com a Prefeitura. As pessoas dentro de seus terrenos fazem homenagem a quem quiser”, esclareceu o prefeito.

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