Juiz pede a Dino proteção ‘urgente’ a Tacla Duran como testemunha
Eduardo Appio, responsável pelos processos da Lava-Jato em Curitiba, diz que acusações do advogado a Moro e Dallagnol motivam a medida
O juiz federal Eduardo Appio, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato em Curitiba, pediu ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, nesta terça-feira, 28, que o advogado Rodrigo Tacla Duran seja incluído “em caráter urgente” no programa federal de proteção às testemunhas. Tacla Duran, que chegou a admitir a autoridades espanholas em 2017 operar pagamentos ilícitos da Odebrecht, é réu em duas ações penais da Lava-Jato, que foram suspensas pelo ministro do STF Ricardo Lewandowski.
Em depoimento a Appio nesta segunda-feira, 27, o advogado falou brevemente sobre uma suposta extorsão de que teria sido alvo, por parte de advogados próximos à deputada federal Rosângela Moro (União-SP) e ao ex-juiz da Lava-Jato e atual senador Sergio Moro (União-PR). Ele deu mais detalhes de sua narrativa em depoimento à PF. Duran afirma ter depositado 613.000 dólares a um advogado ligado a Rosangela, em 2016. O objetivo do pagamento seria viabilizar uma delação premiada que teria o aval de Deltan e que, ao não prosseguir com os pagamentos, teria sido alvo de prisão decretada por Moro.
Deltan Dallagnol e Sergio Moro negam duramente as acusações. O ex-juiz classificou o acusador como “criminoso confesso e destituído de credibilidade” e disse não temer investigações. Em suas redes sociais, Deltan foi na mesma linha: “Não é nada mais que uma história falsa, requentada pela terceira vez sem novidade e que já foi investigada pelo MPF e PGR, que a descartaram totalmente. Isso revela desespero”, postou.
No ofício a Dino, o juiz federal afirma que o nome de Tacla Duran deveria ser incluído no programa urgentemente por haver, em sua avaliação, “risco de vida” diante das declarações que deu ontem “contra parlamentares federais com grande poderio econômico, social e político (deputado federal Deltan Dallagnol e senador Sérgio Fernando Moro)”.
“Estas acusações nunca foram efetivamente investigadas no âmbito da polícia federal do Paraná e a potencial testemunha nunca foi ouvida em data anterior”, afirma Appio, que recentemente revogou os mandados de prisão preventiva contra o advogado, que vive na Espanha desde que Moro mandou prendê-lo, em 2016. O magistrado relata ao ministro da Justiça que Rodrigo Tacla Duran “já iniciou tratativas para eventual colaboração com a autoridade policial federal e repatriação de valores hoje existentes em contas no exterior”.