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Por José Benedito da Silva
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho e Isabella Alonso Panho. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Incêndios no Pantanal acendem alerta e mobilizam governo federal e estados

Apesar de região ter secas sazonais, focos de fogo aumentaram mais de 1.000% no primeiro semestre em relação a 2023

Por Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 jun 2024, 17h41 - Publicado em 17 jun 2024, 12h03

Os incêndios que atingem o Pantanal têm acendido o alerta dos governos federal e estaduais de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso e mobilizado o envio de equipes brigadistas e a disponibilização de recursos para combate e contenção aos focos.

Apesar das condições climáticas e físicas do bioma serem propícias para o surgimento de queimadas, sobretudo nas épocas mais secas do ano — outono e inverno —, a ocorrência de incêndios é causada predominantemente por atividade humana e preocupa pela rápida velocidade de propagação e pelo rastro de destruição deixado para trás.

Na última sexta-feira, 14, o governo federal instalou uma sala de situação preventiva para tratar da seca e do combate a incêndios no país, especialmente no Pantanal e na Amazônia. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a pasta está agindo na “lógica da gestão do risco e não apenas do desastre”. Na ocasião, integrantes da Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas se reuniram no Palácio do Planalto e se comprometeram a coordenar ações preventivas.

Aumento de mais de 1.000%

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os focos de incêndios apenas no Pantanal aumentaram mais de 1.000% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. Os números são da plataforma BDQueimadas. O período atípico também acende o alerta do governo.

Segundo o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, o Pantanal nunca teve fogo no primeiro semestre do ano. “Pela primeira vez a gente está com o Pantanal completamente seco no primeiro semestre. (…) A crise está começando agora, o Ibama já contratou mais de 2.000 brigadistas para atuar em todo o Brasil com o foco no Pantanal e na Amazônia, e nós vamos fazer aquilo que for necessário”, afirmou na última semana.

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O dirigente também disse que o órgão está combatendo incêndios no entorno de Corumbá, no noroeste de Mato Grosso do Sul, próximo à fronteira com a Bolívia, onde a situação é mais grave. O Ibama também está enviando reforços para a região da Transpantaneira, que liga Mato Grosso a Mato Grosso do Sul. “São os focos hoje que despertam a maior parte da atenção, e esse trabalho está sendo feito junto com os estados”, declarou Agostinho.

Em abril, MS e Mato Grosso assinaram, junto ao Ministério do Ambiente, um termo de cooperação visando unir esforços na proteção do bioma, além de uniformizar a legislação sobre uso dos recursos naturais e elaborar o Plano Integrado de Prevenção, Preparação, Resposta e Responsabilização a Incêndios Florestais. A ausência de leis regulamentadoras chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu a omissão do Congresso na proteção ao Pantanal. Em dezembro do ano passado, o MS já havia aprovado uma lei estadual própria — denominada Lei do Pantanal —, alterando normas de conservação e proteção em toda a Área de Uso Restrito do Pantanal, visando garantir a biodiversidade e a exploração sustentável da região.

Com o cenário de seca neste ano, Mato Grosso do Sul afirma ter disponibilizado em fevereiro 30 milhões de reais para ações de prevenção, com a montagem de treze bases avançadas no bioma, que agora passarão a ser permanentes. As unidades são do Corpo de Bombeiros, com veículos e brigadistas, principalmente em áreas mais remotas do estado.

“O incêndio numa área remota como o Pantanal consegue ser minimizado com a união de todos os envolvidos: estado, União, municípios, os produtores da região, brigadistas, voluntários, ONGs, as comunidades locais, comunidade ribeirinha, comunidade indígena”, diz a VEJA o governador do estado, Eduardo Riedel (PSDB). “Há uma mobilização muito grande de todos para fazer esse enfrentamento. Até porque estamos em um condição climática pior do que aquela vivida em 2020, que foi o maior índice de incêndios no Pantanal”, diz.

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Naquele ano, os incêndios mataram cerca de 17 milhões de vertebrados no bioma, segundo estudo publicado na Scientific Reports. Imagens de carcaças carbonizadas de animais como jacarés e macacos chocaram o mundo, não apenas pelo impacto dos estragos, mas pela quase inconcebível contradição de um ecossistema abundante em água estar ardendo em chamas. “Bombeiros militares com água pelo joelho, mas em cima da água tem uma massa seca de vegetação muito grande, então o fogo vem muito rápido. O Pantanal é muito atípico nesse sentido”, diz Riedel.

Apesar da seca tradicional da região, o fenômeno El Niño — o aquecimento anormal do Oceano Pacífico na Linha do Equador — contribuiu para a seca dos rios da região, interrompendo o padrão de inundações sazonais que garantia certo “freio” a incêndios.

“O período de seca em si tem a ver com a região, é uma situação cíclica. Isso já aconteceu tantas outras vezes e vai continuar acontecendo. O que está mudando da parte do Estado é entender melhor o nível de investimento para combate. Estamos nos tornando muito mais preparados para isso”, diz o governador de Mato Grosso do Sul.

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