Imagens do Planalto têm Lula irritado e ministros discutindo após invasão
Material foi entregue pelo Gabinete de Segurança Institucional ao Supremo Tribunal Federal, por ordem do ministro Alexandre de Moraes

Imagens do circuito interno de câmeras do Palácio do Planalto registradas na noite de 8 de janeiro, após a invasão da sede do Executivo por golpistas, mostram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrando irritação ao chegar à entrada de seu gabinete, além de uma discussão aparentemente tensa entre alguns dos principais ministros do governo.
O material faz parte do material entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Ele determinou na sexta-feira, 21, a retirada do sigilo das imagens das câmeras. O material, que inclui 30 câmeras e um total de 160 horas de gravações, foi enviado à Corte neste sábado, 22, pelo ministro interino do GSI, Ricardo Cappelli.
A ordem de Moraes sobre as imagens veio depois de o canal CNN Brasil divulgar imagens que mostraram o ex-ministro do GSI, general Gonçalves Dias, dentro das dependências do Planalto enquanto os ataques aconteciam. GDias, como é conhecido, aparece interagindo com os invasores e não demonstra qualquer reação enérgica à presença deles dentro da sede do governo. As mesmas imagens mostram militares do GSI servindo água aos vândalos.
Nas imagens divulgadas pelo GSI, Lula aparece diante da câmera da antessala do gabinete da Presidência, no terceiro andar do palácio, às 21h32 daquele domingo. Acompanhado por seguranças, assessores e seu fotógrafo oficial, Ricardo Stuckert, o petista para diante de uma mancha no chão no local e gesticula aos interlocutores durante alguns segundos, demonstrando irritação. Stuckert, enquanto isso, registra a depredação da entrada do gabinete presidencial.
Por volta das 21h47, após a passagem do presidente, chegam ao local os ministros da Defesa, José Múcio Monteiro, e da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Já estavam por ali o líder do PT no Senado, Jaques Wagner (BA), e o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Pouco depois também chegam ao mesmo ambiente o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o titular da pasta do Trabalho, Luiz Marinho (no alto à direita, na imagem abaixo).
Costa primeiro se dirigiu a Flávio Dino, que se afastou do grupo durante alguns segundos, quando o ministro da Casa Civil passou a gesticular de maneira mais eloquente com o ministro da Defesa. Dino em seguida voltou a se aproximar dos colegas e também gesticulou. Ele, Múcio e Costa saíram juntos do local pouco depois.
A atuação das Forças Armadas, sob o comando direto de José Múcio Monteiro, foi criticada por aliados próximos a Lula no dia da invasão golpista. Como mostra reportagem exclusiva de VEJA nesta semana, que teve acesso ao depoimento à Polícia Federal dado pelo ex-comandante militar do Planalto, general Gustavo Dutra, o presidente havia dado uma ordem expressa para que fossem retirados os manifestantes acampados diante do Quartel General do Exército, em Brasília, ainda naquela noite, mas acabou recuando diante de argumentação do militar de que o cumprimento da ordem poderia causar mortes no local.