Governo suspende descontos de aposentados após operação no INSS
Todos os acordos de cooperação técnica, que permitiam os descontos das mensalidades associativas, foram suspensos por conta da investigação

Depois da operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) que afastou o presidente do INSS, o governo federal decidiu suspender todos os acordos de cooperação técnica do órgão que permitiam o desconto de mensalidades na folha de pagamento dos aposentados e pensionistas. A medida foi anunciada através de uma coletiva na tarde desta quarta-feira, 23, pelo ministro-chefe da CGU, Vinicius de Carvalho.
“Os descontos eram, em sua grande maioria, fraudados em função de falsificação de assinatura, de uma série de artifícios utilizados para simular a manifestação de vontade”, disse Carvalho. Segundo dados apresentados pelo governo, seis milhões de pessoas sofrem, todos os meses, algum tipo de desconto por conta dessas mensalidades — muitas que, segundo a investigação, nunca foram contratadas.
Os acordos de cooperação técnica entre as entidades e o INSS permitiam que as mensalidades de associação dos pensionistas e aposentados fossem descontadas diretamente nos holerites deles. No entanto, as pessoas precisavam concordar com esses descontos e com o pagamento das mensalidades — o que, segundo as investigações, não acontecia. Os descontos eram feitos sem a anuência das pessoas.
A investigação que deu origem à operação desta quarta começou em 2023, por conta de reclamações de pensionistas sobre descontos indevidos. A Justiça Federal, que autorizou a força-tarefa, emitiu ordens de bloqueios na casa de um bilhão de reais, seis mandados de prisão e expediu 211 mandados de busca e apreensão. Segundo as investigações, entre os anos de 2019 e 2024, é possível que tenham sido descontados 6,3 bilhões de reais indevidamente de aposentadorias e pensões.
Diante da dimensão do episódio, o presidente Lula mandou que Alessandro Stefanutto seja demitido do posto de presidente do INSS. O ministro da Previdência, Carlos Lupi, assumiu a responsabilidade pela indicação de Stefanutto, que é procurador da República, e disse que, até então, o trabalho dele vinha sendo “exemplar”. Lupi não está envolvido na investigação feita pela Polícia Federal.