Último mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Maquiavel

Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Gleisi ataca concessão de luz em SP; mas quem afinal deu o serviço à Enel?

Petista atribui crise à privatização feita por "tucanos, Temer, Bolsonaro e Guedes"; história, porém, é complexa e envolveu também gestões de Lula e Dilma

Por Bruno Caniato Atualizado em 14 out 2024, 14h36 - Publicado em 14 out 2024, 14h26

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, rebateu críticas da oposição que tentam ligar o apagão em São Paulo ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta segunda-feira, 14, a deputada acusou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de “hipocrisia” e atribuiu a má gestão da Enel à privatização da concessionária.

“É muita hipocrisia de Nunes e Tarcísio tentar ligar o novo apagão de São Paulo ao governo federal. Quem vendeu (e vendeu mal) nossas empresas de energia foi a turma deles, dos tucanos, de [Michel] Temer, [Jair] Bolsonaro e [Paulo] Guedes”, publicou Gleisi em seu perfil oficial no X.

As declarações de Gleisi ocorrem em meio a uma nova crise energética que atinge a cidade de São Paulo, a região metropolitana e municípios do interior paulista desde a última sexta-feira, 11. Durante cerca de uma hora, o estado registrou ventos acima de 100 quilômetros por hora que causaram estragos generalizados, deixaram mais de 2,1 milhões de pessoas sem luz e resultaram em sete mortes em razão de quedas de árvores e desabamento de muros.

Na manhã desta segunda-feira, a Enel informou que 537 mil clientes ainda estão sem fornecimento de energia no estado, sendo 354 mil na capital, e que não há previsão de restabelecimento total do serviço.

Continua após a publicidade

Tiroteio eleitoral

Durante o final de semana, quando mais de um milhão de endereços ainda estavam sem luz, Ricardo Nunes disparou contra a Enel e chegou a classificar a empresa de “inimiga do povo paulistano”. Uma das alegações do prefeito é que a fiscalização da concessão é responsabilidade da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), um órgão federal, e que o poder do município para punir a concessionária é limitado, cobrando ação mais enérgica da União.

Nesta segunda-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao ser cobrado pelo governador Tarcísio de Freitas sobre as frouxas sanções impostas contra a Enel pela Aneel, disse que a atual gestão da agência foi nomeada durante a presidência de Jair Bolsonaro, “do qual ele [Tarcísio] foi destacado integrante” — entre 2019 e 2022, o governador de São Paulo foi titular do Ministério da Infraestrutura.

Histórico complexo

O jogo de apontar culpados sobre o mau desempenho da Enel, porém, esbarra no complexo histórico da divisão de responsabilidades sobre o fornecimento de energia em São Paulo. Instalada em 1899 pela canadense São Paulo Railway, a infraestrutura ficou por oito décadas sob controle privado até a aquisição e estatização da rede pela Eletrobras, em 1979.

Continua após a publicidade

Nas quatro décadas seguintes, a operação foi transferida para a estatal paulista Eletropaulo, que depois foi fatiada e vendida pelo governador Mário Covas (PSDB) a um consórcio composto pela brasileira CSN e empresas francesas e americanas. A companhia posteriormente foi comprada pela americana AES Corporation; e, enfim, adquirida quase integralmente pela multinacional italiana Enel. O atual contrato de concessão foi firmado em 1998, pelo governo Mário Covas, por trinta anos, ou seja, vence em 2028. Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a empresa tem até 2026 para dizer se pretende renovar a concessão.

Na prática, o processo de desmembramento e venda da infraestrutura elétrica paulista atravessou os mandados de quatro presidentes: Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer. Em junho de 2022, a própria Eletrobras foi privatizada como parte de uma ampla agenda de desestatização no governo Bolsonaro, sob a tutela do então ministro da Economia, Paulo Guedes.

Aneel e Procon pressionam Enel

Pelo lado federal, a Aneel intimou a Enel a prestar esclarecimentos sobre as frequentes interrupções do fornecimento de luz, a lentidão nos reparos e os planos da empresa para aprimorar o serviço. “A percepção que temos é que a Enel, de fato, não tem atendido todas as expectativas com relação ao ano passado”, afirmou à imprensa o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, no último domingo, 13.

A concessionária tornou-se alvo, ainda, de notificação do Procon de São Paulo pela ineficiência na prestação de serviços. De acordo com o governo paulista, além da falta de luz, o apagão afetou a rede de distribuição da Sabesp e prejudicou o abastecimento de água na capital e arredores.

Continua após a publicidade

A Enel, por sua vez, afirma que acionou o plano de contingência para danos à estrutura elétrica e, ainda sem previsão para normalizar a situação, atribui a crise às condições climáticas. “De fato, o evento climático foi acima das previsões, mas isso nós, inclusive, vamos aprender a evoluir e ter melhores previsões”, declarou o presidente da Enel São Paulo, Guilherme Lancastre, no último domingo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.