Gleisi: ameaça de Eduardo Bolsonaro a Motta e Alcolumbre é ‘intolerável’
Filho do ex-presidentre quer que presidentes da Câmara e do Senado sejam punidos pelos EUA por não ajudarem a livrar Bolsonaro

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou nesta sexta-feira, 25, como “crime intolerável” a possibilidade, levantada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de punir os presidentes da Câmara e do Senado brasileiros, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), com sanções vindas dos Estados Unidos, caso eles não ajudem a salvar a pele do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante uma entrevista, o filho Zero Três do ex-presidente Jair Bolsonaro disse que pediu ao presidente americano Donald Trump sanções contra mais autoridades brasileiras além dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), mirando especificamente os presidentes das Casas do Congresso. O parlamentar, cuja licença da Câmara já se expirou e não foi renovada, disse que pediu ao governo dos EUA o cancelamento dos vistos de Motta e Alcolumbre, mas afirmou durante a entrevista o desejo de ver sanções mais graves, como impedir que brasileiros que não ajudarem seu pai tenham acesso a e-mail ou aplicativos.
“A ameaça de Eduardo Bolsonaro aos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, é um crime intolerável contra a soberania e a democracia no Brasil. A conspiração desse traidor da pátria com os agentes de Donald Trump descamba para uma chantagem cada vez mais indecente, exigindo anistia de Jair Bolsonaro e impeachment de Alexandre Moraes para suspender sanções dos EUA ao Brasil”, disse Gleisi no X (antigo Twitter).
A ameaça de Eduardo Bolsonaro aos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, é um crime intolerável contra a soberania e a democracia no Brasil. A conspiração desse traidor da pátria com os agentes de Donald Trump descamba para uma chantagem cada vez mais…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) July 25, 2025
Desde o anúncio da tarifa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros, Eduardo Bolsonaro assumiu a paternidade da sanção, cuja retirada foi condicionada por Donald Trump a livrar Jair Bolsonaro das acusações do caso da tentativa de golpe de estado — cujo processo, ao que tudo indica, deve condená-lo criminalmente. A movimentação rendeu um inquérito que mira Eduardo e nos últimos dias bloqueou suas contas bancárias. Há uma semana, o ex-presidente está usando tornozeleira eletrônica e impedido de sair de casa depois das 19h e antes das 6h.
Na mesma publicação, Gleisi defendeu que Bolsonaro e seu filho sejam punidos criminalmente. A má repercussão do tarifaço tem sido amplamente explorada pelo governo para recuperar popularidade, mirando em 2026. “Perderam a eleição, nunca reconheceram o resultado, tentaram dar um golpe, assassinar o presidente eleito, e agora querem uma intervenção estrangeira no Judiciário e no Congresso do nosso país. E ainda querem se passar por vítimas. Esse crime de lesa-pátria não pode ficar impune”, escreveu a ministra nas redes.