Flávio Bolsonaro cita “cortina de fumaça” no dia do depoimento do pai à PF
Bolsonaristas bombardeiam redes com post sobre ida do general GDias à CPMI e ignoram caso das joias

Em dia de alta temperatura em Brasília, quando a Polícia Federal ouvirá Jair Bolsonaro, Michelle e outros seis envolvidos no caso das joias sauditas, parlamentares bolsonaristas inundam as redes sociais com posts sobre o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, para desviar a atenção pública da crise que atinge o ex-presidente — e acusam a base governista de fazer o mesmo. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou em sua conta no X (antigo Twitter) nesta quinta-feira, 31, que haverá uma “cortina de fumaça” para desviar o foco do depoimento de Dias à CPMI dos Atos de 8 de Janeiro, enquanto ele próprio e seus aliados mantêm silêncio sobre a oitiva de Bolsonaro.
https://twitter.com/FlavioBolsonaro/status/1697202312328912926
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por sua vez, está no Congresso acompanhando a comissão — Gonçalves Dias, que comandava o GSI em 8 de janeiro, é acusado de adulterar relatórios de inteligência referentes aos distúrbios em Brasília — e tem publicado, desde a manhã de hoje, críticas ao PT e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem mencionar o depoimento do pai à PF. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) publicou apenas que Lula tem “inveja” do ex-presidente. Outros aliados de Bolsonaro, incluindo os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Carla Zambelli (PL-SP) e Carlos Jordy (PL-RJ), se limitam a criticar a política econômica do atual governo — nenhum deles se manifestou sobre o dia decisivo para o caso das joias sauditas.
Do outro lado, Lula, seus ministros e aliados vêm ignorando tanto a audiência da CPMI quanto as oitivas da PF. A pauta das publicações governistas nesta quinta-feira tem girado em torno de investimentos sociais do governo — o presidente está no Piauí em evento de lançamento do programa “Brasil Sem Fome”. Nomes centrais para o Executivo, como o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom) focam em repercutir a cerimônia no Piauí e exaltar a recente queda nos números de desemprego.
Apenas o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, publicou algo que remete à CPMI, sem citar nominalmente a comissão ou Gonçalves Dias. “O interrogatório é um momento precioso para a autodefesa. Poucos abriam mão desse direito [ao silêncio]“, declarou Dino, em referência à permissão concedida pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o ex-chefe do GSI não responda às perguntas dos parlamentares.
https://twitter.com/FlavioDino/status/1697264988438859966