Fies: inadimplência bate recorde e passa de 60% dos contratos
Em 2023, dados apontavam para 50% de dívidas contratuais; prejuízo é bilionário

O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) apresenta problema crônico: inadimplência da maioria dos beneficiários do programa. Os dados mais recentes apontam para 61,5% dos contratos em atraso de pagamento. Há uma década, o número era de 31%. Em verba, a dívida gira em torno de 116 bilhões de reais.
Atualmente, o programa financia cursos de nível superior a estudantes de renda baixa para que possam realizar o sonho de conquistar o diploma universitário. Os graduandos, no entanto, devem arcar com ao menos 30% do valor do curso, enquanto o restante deve ser pago depois de finalizar a graduação. Estudantes com renda familiar de até 1,5 salário mínimo têm cobertura completa.
Os dados atualizados foram divulgados no workshop Programas de Acesso e Permanência Estudantil na Educação: Fies, ProUni e Propag, no 17º Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular. O governo federal, agora, por meio do Ministério da Educação, estuda mecanismos para diminuir o rombo bilionário. Uma forma analisada é cobrar a mensalidade de acordo com a renda do ex-aluno. Diminuir juros, taxas e até ser perdoado pode outro caminho.
Nos sites de buscas, quando o assunto é falta de pagamento do Fies, uma das principais perguntas feitas é “o que acontece se eu não pagar o Fies?” ou “vai ter perdão para dívida do Fies em 2025”? Especialistas indicam que os inadimplentes devem acompanhar publicações do governo para saber de novos programas de parcelamento.
No final do ano passado, quase 900 mil estudantes estavam aptos a participar do “Desenrola Fies” – programa de renegociação de dívidas com descontos de até 99%. Na ocasião, o MEC divulgou que os estados com maior número de contratos pendentes eram São Paulo (221.854), Minas Gerais (80.040) e Bahia (65.744).
Em maio do ano passado, quando os índices já apontavam para inadimplência de 50%, o coordenador-geral de Concessão e Controle de Financiamento Estudantil do Ministério da Educação, Rafael Rodrigues Tavares, disse na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados que a mensalidade havia se tornado um peso para o estudante. “A questão não é que o estudante não consegue emprego. Ele consegue, mas o problema é o peso da parcela na renda dele. Tem que pagar moradia, transporte, alimentação. O Fies acaba entrando na última prioridade”, afirmou na ocasião.