Família de juiz que pede prisão de Tacla Duran tem mais ligações com Moro
Genro-sócio do ex-juiz da Lava Jato trabalha no gabinete de irmão de suplente do senador
Genro do senador Sergio Moro (União-PR) e da deputada Rosângela Moro (União-SP) e sócio do casal no escritório Wolff & Moro Sociedade de Advogados, o advogado João Eduardo Barreto Malucelli, filho do desembargador do TRF4 Marcelo Malucelli, tem outra relação com o entorno de Moro. João Eduardo é servidor comissionado no gabinete do deputado estadual do Paraná Luiz Fernando Guerra (União), irmão de Ricardo Guerra, que vem a ser o segundo suplente do mandato de Moro no Senado.
Segundo o Portal da Transparência da Assembleia Legislativa do Paraná, o genro-sócio de Sergio Moro recebeu em fevereiro no gabinete de Guerra, por um cargo comissionado de nível “G3”, um salário de 13.166 reais brutos. Com descontos, ele foi para 10.078 reais.
Filho do desembargador Marcelo Malucelli e namorado da advogada Júlia Wolff, filha mais velha do casal Moro, o advogado de 28 anos está no centro de uma controvérsia em torno da prisão do advogado Rodrigo Tacla Duran, restabelecida por Malucelli no TRF4. Apontado como lavador de dinheiro da Odebrecht no exterior, Tacla Duran havia tido os mandados de prisão contra si revogados pelo novo juiz da Lava Jato, Eduardo Appio. O advogado acusa Moro e o ex-procurador da Lava Jato e deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) de extorsão. Reportagem de VEJA desta semana detalha o caso.
O senador Renan Calheiros anunciou nesta sexta-feira, 14, que vai pedir ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) o afastamento de Malucelli. Segundo o senador disse a VEJA, o pedido será protocolado na próxima segunda-feira, 17.
“Entrarei no CNJ pedindo o afastamento do desembargador Marcelo Malucelli que restabeleceu a prisão de Tacla Duran, vítima de extorsão da Lava Jato. O filho dele, João Malucelli, é sócio de Sérgio Moro em um escritório de advocacia. Espero a condenação que foi dada a Dallagnol”, escreveu o senador no Twitter.
Ao restabelecer a prisão de Rodrigo Tacla Duran, o desembargador Malucelli considerou que Appio não poderia ter revogado as ordens contra ele, porque o processo havia sido suspenso por ordem do ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski. O magistrado do TRF4 já havia se posicionado, em março, contra um pedido de Tacla Duran para que Moro fosse declarado suspeito em relação a ele nos processos da Lava Jato.