‘Falta de informação’, diz prefeito sobre críticas a alargamento de praia
Obra em Balneário Camboriú (SC) foi alvo de comentários negativos em massa nas redes sociais, que associam o empreendimento à especulação imobiliária

A obra de alargamento da faixa de areia da Praia Central em Balneário Camboriú (SC), com o aterro de parte do mar, gerou polêmica nas redes sociais e levou à cidade aos trending topics do Twitter (assuntos mais comentados), a grande maioria com críticas à política da cidade de supostamente permitir sem controle o avanço da exploração imobiliária.
O balneário é famoso pela falta de sol na praia causada pela sombra dos altos prédios. O objetivo da prefeitura é ampliar para 70 metros a faixa de areia, que hoje tem apenas 25. A obra custará 67 milhões de reais e deve ser finalizada em novembro.
Segundo a prefeitura, ela irá permitir a proteção da orla contra o avanço das marés e terá espaços privilegiados para turistas e moradores com parques e ambientes para lazer. Para o prefeito Fabrício Oliveira (Podemos), as críticas ao projeto são motivadas pela falta de informação.
Leia entrevista abaixo:
O que o senhor achou da repercussão negativa que a obra teve nas redes sociais? Foi por falta de entendimento, por falta de informação. Até porque essa é uma obra que foi alvo de um plebiscito na comunidade há mais de 20 anos e é uma obra ambiental, porque, além de fazer a proteção costeira da praia, vai promover a recuperação da restinga e está atrelada a mais de 40 condicionantes ambientais. A obra vai proporcionar um espaço de melhor qualidade, com verde, grama, areia. Então, nunca foi a finalidade da obra conter a sombra, ela é uma consequência positiva, mas não é a finalidade.
A obra foi escolhida por um plebiscito feito há 20 anos atrás. O senhor não acha que essa opinião pode ter mudado? Não, pelo contrário, se fortaleceu. Ainda mais hoje, quando temos uma necessidade de espaços com qualidade, com verde. Nós vamos fazer um grande parque a céu aberto. Em alguns locais, nem temos mais areia. Então, de maneira alguma diminuiu a importância ou diminuiu o interesse da população pela obra.
A repercussão negativa deixou o senhor preocupado com a imagem da cidade? Absolutamente, até porque nós cumprimos todos os programas ambientais. O nosso trabalho foi alvo de um estudo criterioso, de uma preparação de duas décadas e estamos seguindo os condicionamentos ambientais rigorosamente. Eu não vejo a cidade com uma imagem negativa, pelo contrário, ela está com uma imagem muito positiva, a gente procura esclarecer a falta de informação, colocamos dados técnicos e estamos relatando os fundamentos da obra.
Nas redes sociais, muitas pessoas falaram que Balneário Camboriú virou alvo de uma especulação imobiliária desenfreada e essa obra seria uma consequência disso. Balneário Camboriú é a cidade mais saneada, vai chegar a 100%. Nós temos balneabilidade nos nossos pontos. É uma cidade que adquiriu agora o título de “Lixo Fora D’Água” pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). Estou em São Paulo agora para receber outro prêmio de reconhecimento ambiental. Então, eu não acho que haja uma especulação desenfreada. Essa é a quarta cidade com o IDH mais alto de Santa Catarina. É uma cidade em que as pessoas procuram pela qualidade de vida e pelo nosso respeito ao meio ambiente.

Então, a especulação imobiliária não estaria relacionada à obra? A obra não visa satisfazer a especulação imobiliária. A valorização imobiliária é uma consequência, assim como outras consequências da obra. Sempre houve valorização. O metro quadrado em Balneário Camboriú sempre foi disputado, mesmo antes da obra.
Há risco de mudanças na maré, no solo ou e em outras características naturais da área? A areia que nós estamos depositando é de uma jazida que fica a 15 km da costa e que tem a mesma granulometria que hoje existe na nossa enseada. A nossa enseada, juntamente com a granulometria exata, possui condições de nivelamento que não vão mudar a questão da angulação das ondas, nem a questão para banho da cidade. Isso não irá acontecer, justamente pelo cumprimento das condicionantes. A retirada da areia da jazida não causa nenhum prejuízo ambiental, isso foi feito em vários lugares do mundo.
